Enquanto coloca em prática uma reestruturação para melhorar seus resultados depois do baque causado pelos estoques abarrotados no Brasil, a FMC apresentou ontem a investidores o seu plano de negócios para crescer na próxima década. No centro da estratégia: os produtos biológicos.
Pelas projeções da FMC, a receita dos biológicos pode atingir US$ 2 bilhões em 2033 com o lançamento de novos produtos, principalmente feromônios — categoria que deve ter a sua estreia no Brasil em 2025, segundo Bénédicte Flambard, vice-presidente para a unidade da FMC dedicada ao mercado de biológicos, a Plant Health.
No ano passado, a divisão faturou cerca de US$ 200 milhões, com uma participação de 4% na receita total da companhia. Em dez anos, o negócio tem potencial para atingir uma fatia de aproximadamente 18% no faturamento. “Estamos muito entusiasmados com o que podemos fazer”, disse a executiva durante o FMC Investor Day.
A estratégia da FMC para o mercado de biológicos ganhou mais força no ano passado com a aquisição da startup dinarmaquesa BioPhero, que produz feromônios capazes de quebrar o ciclo da reprodução de insetos e controlar a sua população adulta. Cerca de 60 testes em 15 países apontaram um ganho de produtividade de 15% com o uso dos feromônios.
“É um novo paradigma em controle de pragas”, disse o brasileiro Ronaldo Pereira, presidente da FMC para as Américas. “A indústria nunca apresentou um produto para prevenir a população de crescer. Os inseticidas tradicionais matam os insetos”, acrescentou.
Estreia no Brasil
Desde a compra da BioPhero por US$ 200 milhões —um décimo do valor que a FMC pretende faturar com biológicos em dez anos—, a companhia vem trabalhando para trazer a categoria a mercado para aplicação em culturas anuais, como soja e milho, o que é outra novidade. Até hoje, o uso de feromônios está concentrado em plantações de frutas e vegetais.
Ontem, a companhia deu mais detalhes sobre a estratégia para o Brasil: lançará o seu primeiro feromônio (SOFERO FALL) no país em 2025, com perspectivas de uma significativa expansão em 2027.
Segundo Flambard, os feromônios apresentam o maior potencial de crescimento para a FMC em biológicos nos próximos anos. Mas a empresa também continua trabalhando para ampliar o seu portfólio de biológicos no controle de fungos e ervas daninhas, além da oferta de biofertilizantes e bioestimulantes.
O mercado global de produtos biológicos deve atingir US$ 26 bilhões em 2033, mais que o triplo dos US$ 8 bilhões de 2021, segundo estimativa da The Context Network apresentados pela FMC.
Além da maior demanda dos consumidores, a expansão deve ser estimulada principalmente pela aplicação integrada de produtos biológicos e químicos, possibilitadas por ferramentas de agricultura de precisão.