Depois de mais um trimestre marcado pela impressionante geração de caixa da BRF, a Marfrig vai distribuir R$ 2,5 bilhões em dividendos aos acionistas, o que vai limitar a desalavancagem proporcionada pela recente conclusão da venda de 13 frigoríficos à rival Minerva Foods.
Entre analistas, havia quem preferisse que a Marfrig usasse a integralidade dos recursos recebidos da Minerva (R$ 5,68 bilhões entraram no caixa em 28 de outubro) para reduzir o endividamento. Mas o momento da BRF é tão positivo que a Marfrig pode remunerar o acionista e ao mesmo tempo convergir para um índice de alavancagem de 2,5 vezes, um nível confortável.
No balanço divulgado agora à noite, a Marfrig reportou uma alavancagem de 3 vezes, o que representa uma redução de 0,4 ponto na comparação com o indicador registrado no fim de junho — e esse dado ainda nem considera a venda dos ativos (o que só vai aparecer no resultado do quarto trimestre).
Por enquanto, a desalavancagem registrada no terceiro trimestre ainda não é fruto da venda dos ativos. Basicamente, a relação entre dívida líquida e Ebitda melhorou em grande medida pelo fluxo de caixa livre de R$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre — a dona da Sadia foi a grande responsável por isso, perfazendo 77% do Ebitda da Marfrig.
Com a entrada dos recursos da venda, a Marfrig pode distribuir dividendos e ao mesmo tempo quitar dívidas, incluindo US$ 500 milhões em bonds e o resgate de R$ 500 milhões de um CRA (Certificado de Recebível do Agronegócio).
No ano que vem, a ideia é resgatar mais um título no exterior, disse uma fonte ao The AgriBiz. “Dá para fazer os dois. Paga a dívida e remunera os acionistas”, disse a fonte, lembrando que os minoritários que acompanharam a Marfrig no ano passado estão colhendo os frutos.
Na prática, a distribuição de R$ 2,5 bilhão em dividendos mais que “devolve” os investimentos dos acionistas que acompanharam o aumento de capital privado feito em setembro do ano passado.
Na ocasião, a Marfrig chamou R$ 2,1 bilhão em capital dos acionistas para evitar um endividamento excessivo logo após investir no bilionário follow-on da BRF. Os controladores, Marcos Molina e a esposa Márcia, injetaram R$ 1,6 bilhão, o que os fez aumentar a participação na companhia para 61%.
Listada na B3, a Marfrig está avaliada em R$ 13,6 bilhões. No ano, as ações (MFRFS3) sobem 60%.