Balanço

A salvação do frango: Tyson volta ao azul, mas ainda tem desafios

Negócios de carne bovina continuaram se deteriorando, com perspectivas piores para o restante do ano

A melhora das margens do negócio de carne de frango salvou os resultados da Tyson Foods no terceiro trimestres fiscal, atenuando a deterioração das margens nas operações de carne bovina — a principal divisão da companhia, responsável por 40% do faturamento.

Graças ao desempenho do negócio de frango, a Tyson saiu do vermelho, com um balanço que repercute positivamente. No início do pregão, as ações da companhia subiam 3,6%.

No trimestre encerrado em 29 de junho, a companhia controlada por John H. Tyson fez um lucro por ação de US$ 0,87, superando as estimativas do mercado. O lucro operacional ficou em US$ 341 milhões. Um ano atrás, a empresa havia reportado um prejuízo de US$ 350 milhões, num dos resultados mais desastrosos de sua história.

“É o maior lucro operacional ajustado dos últimos sete trimestres”, destacou Donnie King, CEO da Tyson Foods, na mensagem que acompanha o balanço. O executivo também destacou a geração de caixa livre, que atingiu US$ 556 milhões no trimestre e ajudou a reduzir os indicadores de endividamento.

Em julho, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) da Tyson caiu de 3,4 vezes no fim de março para 3 vezes em 29 de junho, voltando para níveis mais confortáveis. No pior momento do ano passado, a alavancagem chegou a bater 4,1 vezes.

A melhora dos resultados reflete, especialmente, as margens acima da média na indústria de carne de frango, um movimento que já havia beneficiado a concorrente Pilgrim’s Pride (controlada pela brasileira JBS).

No trimestre, o negócio de carne de frango gerou um lucro operacional de US$ 307 milhões na comparação anual. Com isso, a margem Ebit passou de 1,5% negativos no mesmo período do ano passado para 7,5%. A divisão de carne de frango representa 30% das vendas.

A Tyson também vem conseguindo melhorar os resultados do negócio de carne suína (responsável por 11% das vendas), mas a divisão ainda parece longe do potencial.

Quando ajustado por itens não recorrentes, como as despesas com o fechamento de um frigorífico no Iowa, a margem Ebit da divisão de carne de porco atingiu 1,5%, uma melhora substancial sobre a margem negativa de 5,3% de um ano atrás.

De todos os negócios, a maior preocupação é a divisão de carne bovina, que vem sofrendo há muitos trimestres diante da severa restrição de oferta de gado nos Estados Unidos. Ao que tudo indica, a fase negativa do ciclo da pecuária ainda vai durar alguns anos, penalizando os resultados da Tyson e de companhias brasileiras como JBS e Marfrig.

No negócio de carne bovina, a margem ficou negativa em 1,3% no trimestre. A Tyson também revisou para baixo as perspectivas para o restante do ano. A companhia agora espera que a divisão feche o ano fiscal com um prejuízo operacional ajustado de pelo menos US$ 300 milhões — a estimativa anterior era de um prejuízo de US$ 100 milhões.

Como um todo, as melhora das operações de frango e carne suína devem ajudar a Tyson. A companhia prevê um lucro operacional entre US$ 1,6 bilhão e US$ 1,8 bilhão. Na projeção anterior, o intervalo fica entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,8 bilhão.

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Sustentadas pela recuperação dos negócios de carne de frango, as ações da Tyson sobem 13% em doze meses.