Quando a JSL adquiriu a Borgato, a abertura de capital da Vamos ainda era um projeto. Seis anos depois, a companhia da família Simões não só entregou um dos melhores IPOs dos últimos tempos como avançou no interior, construindo uma das maiores redes de concessionárias de máquinas agrícolas do país.
Ao longo dos últimos anos, a Vamos montou uma parceria com a AGCO, fabricante de máquinas agrícolas que é dona de marcas como Massey Ferguson, Valtra, Fendt e está avaliada em US$ 9,3 bilhões na bolsa de Nova York.
No Brasil, a Vamos já era a maior concessionária de máquinas agrícolas da Fendt e continha ganhando escala. Na semana passada, a companhia anunciou a aquisição da DHL Distribuidora por R$ 120 milhões (incluindo a assunção de dívidas), se tornando a concessionária exclusiva da marca Fendt em algumas regiões do Paraná.
O tamanho das concessionárias
O negócio de concessionárias agrícolas da Vamos faturou R$ 1,5 bilhão no ano passado, disse Gustavo Couto, CEO da companhia, ao The Agribiz. O montante equivale a 27% da receita bruta da companhia como um todo.
Com a DHL, que possui seis lojas no Paraná, a Vamos chega a uma rede de 74 lojas de máquinas e equipamentos agrícolas, adicionando R$ 230 milhões em vendas.
O M&A reforça o papel de agro na estratégia da Vamos. Historicamente, o agro é 30% da companhia, disse Couto. Além das vendas de máquinas agrícolas em si, a demanda da agricultura também se faz presente na venda da linha amarela (tratores da marca Komatsu, por exemplo) e no aluguel de caminhões para o transporte de safras.
Mesmo no negócio de empilhadeiras, normalmente destinadas às indústrias, o agro também tem relevância, lembra Couto. No ano passado, por exemplo, a BRF alugou 600 empilhadeiras da Vamos.
No mercado, a compra da DHL foi bem recebida. Pelos cálculos de Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, analistas do BTG Pactual, a aquisição foi feita por um múltiplo (valor de firma/Ebitda) de 3,3 vezes, abaixo das últimas compras feitas pela companhia e sua controladora Simpar.
Além disso, a aquisição veio com um “desconto relevante” sobre o valuation da própria Vamos, notaram os analistas do Bradesco BBI, Victor Mizusaki, Andre Ferreira e Pedro Fontana. Segundo eles, a ação da Vamos implica um múltiplo de 7,5 vezes o Ebitda projetado para 2023. A Vamos está avaliada em R$ 12,5 bilhões.
A conclusão da aquisição da DHL anda depende do aval do Cade.