Investidor estratégico

Ações da Hidrovias do Brasil disparam após compra da Ultrapar

Ultrapar comprou ações do Pátria e Temasek na empresa de logística, tornando-se o maior acionista da Hidrovias do Brasil com 27% de participação

As ações da Hidrovias do Brasil dispararam após a Ultrapar anunciar a compra de 17% do capital social da empresa, elevando a sua participação na companhia para 27%. Com a aquisição, a holding, que é dona dos postos Ipiranga e da Ultragaz, torna-se a maior acionista da empresa de logística.

A Ultrapar comprou participações do Pátria (13%) e da Temasek (4%) na Hidrovias do Brasil por R$ 3,98 por ação, representando um prêmio de 12% em relação ao fechamento de sexta-feira —o que explica a alta dos papéis nesta segunda-feira. Por volta das 11h, as ações da Hidrovias subiam mais de 13%, ultrapassando R$ 4.

O Pátria continuará como acionista da Hidrovias do Brasil por meio do Pátria IV —o fundo que vendeu as ações para a Ultrapar foi o Pátria II. A Ultrapar já detinha uma participação direta de 4,9% na Hidrovias e de 4,9% via derivativos. Por isso, sua participação total na companhia vai a 27%.

No fato relevante encaminhado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no domingo, a Ultrapar afirma que a aquisição da participação está alinhada à sua estratégia de expandir a sua presença em setores expostos ao agronegócio, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Norte. Também afirma que a Hidrovias tem operações complementares e sinérgicas ao seu portfólio.

Investidor estratégico

“A Ultrapar é um grande investidor estratégico, o que deve ajudar a dar um sentido claro ao programa de investimento futuro da Hidrovias do Brasil e ao gerenciamento de portfólio”, escreveram Thiago Duarte e Henrique Brustolin, analistas do BTG Pactual, em relatório.

Em comunicado, a Ultrapar confirmou que “pretende ser um acionista de referência estratégico e de longo prazo da Hidrovias, apoiando seu crescimento, sua governança e seu modelo de gestão”.

Para a Ultrapar, a aquisição de uma participação maior na Hidrovias é “simbólica”, afirmam os analistas do BTG. Além de aumentar a sua exposição ao agro, a operação é a primeira de maior impacto desde a reestruturação da companhia nos últimos anos. Desde 2022, a Ultrapar tem como CEO Marcos Lutz, que esteve à frente da rival Cosan por mais de uma década.

Poison Pill

A conclusão da operação depende de decisão dos acionistas da Hidrovias do Brasil sobre um waiver à poison pill que obriga o acionista que atingir 20% do capital (ou mais) do capital da operadora logística a fazer uma oferta por toda a companhia.

A Hidrovias vai propor aos acionistas a dispensa dessa obrigação até que a participação acionária alcance 40%. Ou seja, a alteração abre caminho para uma compra de participação ainda maior da Ultrapar.

A transação também precisa de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

As ações da Hidrovias do Brasil dobraram de valor nos últimos 12 meses, apesar de terem sofrido com os efeitos da seca na região Norte do País no ano passado —a empresa fornece soluções para o transporte hidroviário na região. Está avaliada em R$ 2,7 bilhões na B3.