Depois de mais um ano espinhoso para os ativos ligados à agricultura — notadamente para as revendas —, a virada poderia ter o condão de recarregar as esperanças. Mas a realidade não é tão simples.
Com a Selic a caminho dos 15% ao ano, o custo de capital será um desafio duro de lidar, limitando a capacidade de sobrar caixa para o acionista (nos casos mais amenos) ou mesmo de honrar o passivo (nos casos mais críticos).
Mas nem tudo é má notícia. O alento é que, ao contrário do que ocorreu na temporada passada (2023/24), desta vez o clima ajudou e o Brasil deve colher uma safra recorde de soja. Além disso, a situação é bastante favorável para o milho safrinha.
Ainda que os preços dos grãos não ajudem muito, a incerteza fiscal que levou o dólar a níveis recordes — fixando-se acima de R$ 6 — deve contribuir com as receitas no curto e médio prazo.
Nesse ambiente, espera-se que as revendas agrícolas tenham um primeiro semestre operacionalmente bem melhor do que o caos vivido no ano passado, com maior volume de vendas.
Se a safra correr bem como se espera, a tendência é que os agricultores tenham melhores condições para honrar com os pagamentos de abril e maio, quitando os insumos adquiridos para o cultivo de soja.
A partir daí, os diversos players da cadeia de grãos — dos insumos à produção dentro da porteira — poderiam começar a ver uma situação mais favorável para consolidar uma recuperação mais consistente na safra 2025/26, que começa a ser plantada em setembro.
Não é uma perspectiva maravilhosa, evidentemente, mas poucos questionariam que o cenário que se desenha é melhor que o do ano passado, quando revendas relevantes como a Agrogalaxy foram à lona.
Ainda que pareça pouco, o melhor que pode ocorrer para os mais alavancados é atravessar este primeiro semestre sem grandes avarias, deixando o caminho desobstruído para se recompor plenamente a partir da safra 2025/26.
Para quem sempre fez a lição de casa e manteve a estrutura de capital arrumada, como é o caso da SLC — um benchmark global de eficiência na agricultura —, é só uma questão de tempo até que os melhores dias cheguem.
Quando essa fase chegar, o que possivelmente ocorrerá na safra que vem, a companhia da família Logemann vai colher os frutos de um negócio que aproveitou a crise da agricultura para se expandir.