A chuva registrada no último fim de semana no sul de Mato Grosso do Sul, na região Sul, Argentina, Uruguai e Paraguai aliviou a estiagem em algumas áreas. De acordo com informações de umidade de solo monitoradas pela NASA, o teor de água aumentou entre o oeste e norte do Paraná e o sul de Mato Grosso do Sul, em todo o Uruguai, no sul do Rio Grande do Sul e na Província Argentina de Entre Rios.
Por outro lado, a situação ainda é preocupante e a umidade do solo está baixa no Paraguai, especialmente no entorno de Assunção, além das Províncias Portenhas de Formosa e Chaco. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires e informações vindas do Brasil — de órgãos como como Emater, Deral e Conab, a chuva não foi suficiente para estancar completamente as perdas no milho e na soja. Há necessidade de novas precipitações nos próximos dias.
Ao mesmo tempo, produtores de Mato Grosso e de Rondônia clamam pela diminuição da chuva. O solo está encharcado desde a região da BR-163, no centro de Mato Grosso, até em áreas próximas da divisa de Rondônia com o Acre, paralisando as atividades de colheita da soja e instalação da segunda safra de milho.
No Matopiba, a chuva enfraqueceu consideravelmente neste fim de semana, mas a umidade do solo permanece elevada, favorecendo o desenvolvimento da soja e do algodão.
Até meados da semana que vem, a chuva acontecerá onde realmente precisa, caso da região Sul do Brasil, sul de Mato Grosso e partes do Paraguai, Argentina e Uruguai. O acumulado, no entanto, não será dos mais elevados. No Noroeste e Missões do Rio Grande do Sul, no sul do Paraguai e nas Províncias Argentinas de Misiones, Corrientes e no norte de Santa Fé e de Córdoba, o acumulado alcança pelo menos 50mm.
Entre o oeste do Paraná e o sul de Mato Grosso do Sul, estimam-se aproximadamente 30mm, enquanto o sul do Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai receberá 20mm. Toda chuva é bem-vinda, mas há necessidade de continuidade da precipitação até o fim do ciclo da soja, especialmente na Argentina e no Rio Grande do Sul. A questão é que nos primeiros dias de fevereiro, o tempo voltará a ficar mais seco nestas áreas e a tendência é de que o mês de março também não seja dos mais chuvosos.
No Sudeste e no Centro-Oeste, apesar da previsão de acumulados de até 60mm no sul de Minas Gerais entre o próximo domingo e a quarta-feira da semana que vem, a maior parte das áreas produtoras permanecerá sob intenso calor e chuva bem mais isolada. Para folhosas do Cinturão Verde de São Paulo, o calor excessivo e duradouro prejudica o desenvolvimento das plantas.
Por outro lado, em Mato Grosso, a chuva mais fraca finalmente ajuda a acelerar as atividades de campo. A questão é que este período menos chuvoso não irá durar muito. Ao mesmo tempo em que o Sul voltará a ter diminuição da chuva no início de fevereiro, as Regiões Sudeste e Centro-Oeste sentirão o aumento da precipitação e a paralisação das atividades de campo. Não serão estranhos acumulados acima dos 100mm em sete dias, entre 29 de janeiro e 5 de fevereiro, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. Apenas o Espírito Santo permanecerá sob tempo mais seco.
No Matopiba, a chuva também intensificará na virada do mês, mas sem os extremos vistos na primeira quinzena de janeiro. De uma forma geral, fazendas do Tocantins, oeste da Bahia e sul do Piauí e do Maranhão receberão algo entre 50mm e 100mm.
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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.