2023/24

O golpe do El Niño na safra da SLC

"As condições climáticas foram inadequadas para o desenvolvimento da soja, principalmente no oeste do Mato Grosso", escreveu a SLC.

A maior produtora agrícola do país acaba de divulgar ao mercado os primeiros impactos negativos do El Niño. Num fato relevante, a SLC comunicou uma revisão nas projeções para a safra 2023/24, reduzindo a área que pretendia plantar com todas as culturas: soja, milho e algodão.

“O Cerrado brasileiro vem sofrendo com chuvas abaixo da média histórica e altas temperaturas. Essas condições climáticas foram inadequadas para o desenvolvimento da soja, principalmente no oeste do Mato Grosso, região mais afetada pela seca”, escreveu a SLC.

Com isso, a companhia desistiu do plantio de uma área de 16 mil hectares que seria plantada com soja na primeira safra e algodão na segunda. Nessas áreas, a SLC vai cultivar algodão primeira safra.

Safra ruim

Esses não foram os únicos problemas nas lavouras da SLC Agrícola. Como a companhia precisou replantar 19 mil hectares de soja, o equivalente a 5,9% da área projetada, vai perder a janela ideal para o milho safrinha. Nesse cenário, a empresa reduziu em 7,7 mil hectares a área que imaginava semear com o cereal.

Nos cálculos da SLC, o clima adverso em Mato Grosso vai reduzir a produtividade em 7,3% na comparação com a projeção anterior. “Não houve alterações no custo por hectare, pois o aumento de custo devido ao replantio será compensado pela redução de custos nas áreas que sofreram com a seca”, justificou a companhia.

No computo geral, a SLC reduziu a área projetada para o milho safrinha em 7,5% (agora, serão 95,7 mil hectares) e para a soja, em 4,8% (totalizando 320 mil hectares).

A área com algodão de primeira safra aumentou 18,7% sobre as projeções iniciais, atingindo 106,9 mil hectares, tomando espaço da soja. No algodão de segunda safra, as projeções foram cortadas em 15,4%, para 82,4 mil hectares.

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A situação da SLC deve se repetir entre muitos agricultores de Mato Grosso. Entre as empresas listadas em bolsa, a companhia foi claramente mais afetada do que a BrasilAgro. Na sexta-feira passada, o CEO da BrasilAgro, Andre Guillaumon, comemorou aliviado o andamento da safra da companhia, um “oásis” no meio do clima ruim.

Na bolsa, as ações da SLC tendem a reagir negativamente à redução na área plantada. No fechamento desta segunda-feira, a companhia da família Logemann estava avaliada em R$ 8,6 bilhões, uma queda de quase 9% em 2023.