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Maior compradora de cacau do País, Nestlé investe R$ 1 bi em fábrica em Caçapava

Empresa responde ao crescimento de dois dígitos no consumo de chocolates no Brasil; além de expansão, investimentos incluem projetos de transição energética

Fábrica de chocolates da Nestlé em Caçapava | Crédito: Germano Lüders
Fábrica de chocolates da Nestlé em Caçapava recebeu R$ 300 mi e deve se tornar a maior do mundo | Crédito: Germano Lüders / Divulgação

CAÇAPAVA (SP) – Maior compradora de cacau no Brasil, a Nestlé está colocando o pé no acelerador. A companhia inaugurou uma nova linha de produção em sua fábrica de chocolates em Caçapava (SP) nesta semana, resultado de um investimento de R$ 300 milhões. Com essa expansão, a unidade, que já é a segunda maior do mundo, deve ocupar a liderança a partir de 2025, hoje detida pela fábrica da Garoto localizada em Vila Velha (ES).

O aporte foi usado para expandir a — nada desprezível — capacidade de produção de KitKat no local, criando a quarta linha de produção do chocolate. Hoje, a Nestlé produz 150 mil unidades do produto por hora na fábrica, sete dias por semana. 

“O crescimento no Brasil é uma consequência dos comportamentos que temos no mercado brasileiro. Ano após ano, o consumo de chocolates cresce a duplo dígito no País, o que desperta nossa atenção”, disse a jornalistas Caio Martins, diretor da fábrica da Nestlé em Caçapava, durante evento de inauguração da nova linha.

Além do KitKat, a fábrica também produz a icônica caixa de bombom vermelha, o choco trio, lançado no ano passado, além dos countlines (produtos cobertos com chocolate) vendidos em prateleira, como o Prestígio, Chokito e Lolo. Mais de 90% da produção fica no mercado brasileiro, com os demais 10% sendo exportados para toda a América Latina.

O aporte faz parte de um plano de investimentos de R$ 1,1 bilhão na região até 2026, que tem o objetivo de gerar 500 empregos nesse mesmo intervalo. O dinheiro deve ser usado em iniciativas de transição energética — uma operação de biometano começa em novembro — além de investimentos em transformação de portfólio. 

Matéria-prima em foco

Hoje, a Nestlé compra 40% de todo o cacau produzido no Brasil, o que lhe garante a posição de maior compradora da commodity. De toda a produção local, 60% do cacau utilizado pela multinacional é sustentável, com a meta de chegar a 100% em 2025. 

Fábrica de Kit Kat em Caçapava (SP); consumo de chocolate no Brasil cresce a duplo dígito | Crédito: Germano Lüders/Divulgação

Para atingir esse objetivo, a companhia implantou o Nestlé Cocoa Plan (NCP), que tem mais de 6.500 fazendas parceiras no Brasil e a meta de chegar a 160 mil famílias até 2030 em todo o mundo. No programa, os produtores parceiros recebem um prêmio financeiro para garantir que a produção segue práticas de agricultura regenerativa.

Mais do que uma meta de sustentabilidade, trata-se de uma forma de assegurar a própria produção em tempos de alta recorde do preço do cacau. Neste ano, a matéria-prima tocou suas máximas históricas, chegando a ultrapassar a marca de US$ 10 mil por tonelada, ultrapassando até mesmo os preços do cobre

Por enquanto, a companhia tem conseguido compensar esses efeitos em seus resultados consolidados. No primeiro semestre, a margem bruta da empresa aumentou em 160 pontos-base, refletindo uma combinação de preço, menor custo de matéria-prima e otimização de portfólio. As vendas globais aumentaram 1,4% no período, totalizando 6,2 bilhões de francos suíços (aproximadamente US$ 7,3 bilhões).

“No primeiro semestre, o ambiente melhorou para a maior parte da nossa cesta de commodities, mas os preços de café e do cacau continuam a aumentar de forma significativa”, pontuou, em call de resultados, Anna Manz, CFO da Nestlé. Mesmo assim, a expectativa é de fechar o ano com um aumento de margem em relação ao ano passado.

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A jornalista Karina Souza viajou a Caçapava a convite da Nestlé.