Manoel Martins, o vice-presidente que lidera a área comercial da BRF, fez uma peregrinação na manhã desta terça-feira, visitando clientes de portes e público-alvo completamente distintos — uma demonstração do que é a união entre Sadia, Perdigão e Qualy.
Logo cedo, Martins foi ao Santa Luzia, um dos empórios mais tradicionais da capital paulista. Do Jardins, veio para a Avenida Paulista e passou pela sede do Sonda, a rede de supermercados do empresário Delcir Sonda.
A visita mais emblemática, no entanto, aconteceu em um pequeno restaurante nas imediações do Conjunto Nacional. Vestia uma camisa com o logotipo da BRF, mas não se apresentou. Pediu um café no copo americano e emendou uma conversa com o proprietário do comércio.
— Você é vendedor da Sadia?, perguntou o comerciante.
— Sim, mas outro colega atende essa área, respondeu Martins.
— Ele passa aqui toda quarta-feira, completou o proprietário.
Depois de alguns minutos de papo, o comerciante pediu uma selfie com aquele desconhecido funcionário da Sadia e enviou ao vendedor da marca que atende a região.
Não demorou muito e a informação circulou no time comercial que responde à Martins.
A história ilustra um pouco do espírito da BRF após a tomada do controle pelo empresário Marcos Molina e a indicação de Miguel Gularte como CEO, há quase dois anos.
É preciso estar mais perto do cliente, dos menores aos maiores, e isso vale não só para o vendedor habitual, mas também para os vice-presidentes como Martins.
Tirador de pedidos
A passagem de Martins pelo comércio da Avenida Paulista também atendia a uma agenda de celebração. Pela manhã, a BRF organizou um brunch com jornalistas no Blue Note para celebrar os 80 da Sadia, a icônica líder do mercado de alimentos.
Ao lado dos principais executivos da companhia, Martins comemorou as mudanças pelas quais a BRF vem passando sob a liderança de Gularte, um executivo metódico no acompanhamento das métricas. “A barra do Miguel é alta”, brincou Martins.
A estratégia vem dando certo. Na área comercial, a entrega de produtos aos clientes melhorou sensivelmente. Se antes a companhia só conseguia entregar 68% dos pedidos dos clientes, agora esse indicador (OTIF, sigla em inglês para ON-Time-In-Full) bateu 92%.
Os resultados também se traduzem no crescimento da base de clientes. Em maio, o número de clientes movimentados pela BRF bateu 302 mil, um recorde.
O clima é tão bom que o vice-presidente comercial virou motivo de troça dos chefes durante os discursos no Blue Note. “Manoel é um tirador de pedidos porque a Sadia se vende sozinha”, brincou Marcos Molina, presidente do conselho, provocando gargalhadas na plateia.
Mais 80
Aos 80 anos, a Sadia cresceu com a maioria dos consumidores brasileiros. Não à toa, é uma das marcas mais valiosas do País e está presente em 9 de 10 lares brasileiros. Para manter a marca forte nos próximos 80, a BRF tem focado no público jovem.
Uma das principais apostas da companhia entre os últimos lançamentos está a linha Xtreme, um empanado de frango com sabor e crocância inspirados no universo de salgadinhos. E as principais ações de marketing, como o patrocínio ao Lolapalloza e à NBA no Brasil, são direcionadas aos consumidores do futuro — e que já ocupam posição de liderança no presente.
“Em 9 milhões de lares brasileiros, a decisão de compra é feita por jovens de até 29 anos. Isso representa 14% dos alimentos consumidos no Brasil”, disse Marcel Sacco, vice-presidente de marketing e inovação da companhia, citando dados de uma pesquisa da Kantar. “Precisamos falar com o consumidor dos próximos 80 anos”.