Revendas

Após quatro meses, Agrogalaxy volta a antecipar recebíveis com FIDC

Em assembleia, cotistas de fundo estruturado pela TerraMagna autorizaram novas operações com a rede de revendas

Depois de quatro meses parado, o FIDC estruturado pela TerraMagna para antecipar recebíveis da Agrogalaxy vai voltar a operar, fornecendo uma rara fonte de financiamento para a rede de revendas controlada pelo Aqua Capital.

A retomada das novas operações do fundo pode dar algum alívio para a Agrogalaxy, viabilizando a venda a prazo de insumos para a safrinha de milho. Sem crédito na praça e em recuperação judicial, a rede de revendas praticamente só trabalhava com vendas à vista, limitando sua atuação drasticamente.

Ainda que boa parte dos insumos da safrinha já tenham sido vendidos, a Agrogalaxy vai poder aproveitar um repique de última hora.

A decisão de retomar as operações do FIDC foi tomada nesta semana pelos investidores do veículo, mostra a ata protocolada pelo fundo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Desde setembro, quando os investidores do FIDC proibiram novas operações para avaliar a repercussão da recuperação judicial, algumas dúvidas pairavam no ar. No limite, os cotistas poderiam decidir liquidar o fundo de vez, tirando R$ 1 bilhão do capital de giro da Agrogalaxy.

Após muitas rodadas de negociações, prevaleceu a decisão de retomar as concessões do FIDC. Em contrapartida, o fundo vai diminuir de tamanho em quase 20% ao amortizar cerca de R$ 200 milhões, devolvendo o dinheiro para os cotistas.

Mesmo com a amortização, o patrimônio líquido do fundo permanece relevante, da ordem de R$ 900 milhões. Na prática, esse é o capital de giro que a Agrogalaxy tem para vender a prazo aos agricultores.

Para os investidores do FIDC, a retomada das operações também representa uma boa notícia. Desde que as operações foram suspensas, o fundo acumulou R$ 288 milhões em caixa, um recurso que ficou tecnicamente desalocado — e, portanto, com retorno baixíssimo.

Vale lembrar que, nessas operações, o fundo (e, indiretamente, os cotistas) não são credores da Agrogalaxy. Ao comprar os recebíveis — em geral, CPRs —, o FIDC assume o risco de crédito de produtor rural.

Numa carteira pulverizada, com milhares de produtores, esse risco tende a ser menor. Ainda assim, o fato de os produtores serem clientes da Agrogalaxy pode tornar o processo de cobrança mais complexo em momentos de estresse.