2º Trimestre

BRF caminha para margem de duplo dígito, mas prejuízo aumenta

Após alcançar margem Ebitda de 8,2% no segundo trimestre, BRF mira duplo dígito; resultado ainda sofre com desequilíbrio no mercado de frango

Os ganhos do plano de eficiência da BRF estão ficando mais evidentes no balanço. A dona da Sadia alcançou uma margem Ebitda de 8,2% no segundo trimestre, 3,6 pontos percentuais acima do trimestre anterior e o dobro da apresentada por sua maior rival, a Seara, no mesmo período. Ainda neste ano, pode voltar a duplo dígito.

“Temos elementos para acreditar em margem de duplo dígito em um horizonte curto de tempo”, disse o CFO da empresa, Fábio Mariano, após a divulgação de resultados. Grãos mais baratos, que devem impactar positivamente o resultado a partir do terceiro trimestre, e a recuperação nos preços de frango no mercado externo devem se somar às melhorias que a BRF vem apresentando ao colocar a casa em ordem.

Só no segundo trimestre, a companhia capturou R$ 540 milhões com melhorias na operação, como maior produtividade na indústria, nas granjas e em logística. Desde o quarto trimestre de 2022, quando foi implementado, o plano de eficiência rendeu R$ 1,2 bilhão à empresa. No segundo semestre, os ganhos podem continuar na mesma toada, segundo Mariano.

Prejuízo

Mesmo com as melhorias operacionais, o Ebitda da companhia caiu 33% em relação ao segundo trimestre de 2022, para R$ 1 bilhão, e o prejuízo saltou para R$ 1,4 bilhão ante R$ 451 milhões há um ano. Assim como as demais empresas do setor, a BRF sofreu com excesso de oferta de frango no mercado internacional.

Os preços de exportação até ensaiaram uma recuperação entre abril e junho, mas ela foi interrompida por um movimento especulativo por parte dos importadores após a divulgação de casos de gripe aviária no Brasil. No segmento internacional, a margem Ebitda da BRF foi de apenas 4% no segundo trimestre, ante 15,7% no mesmo período do ano passado.

“À medida que a situação de risco sanitário para o Brasil fique mais previsível, os impactos da gripe aviária sobre os preços de exportação devem ser menos intensos”, disse Miguel Gularte, CEO da BRF. O acordo para regionalização fechado com alguns destinos, como o Japão, permitirá que embarques de estados como Santa Catarina sejam retomados, contribuindo para uma volta à normalidade das negociações comerciais.

Do lado da oferta, ajustes continuam a ser feitos. Em julho, o número de alojamentos caiu no Brasil, onde o mercado in natura também sofre com excesso de frango. “O pior, em termos de oferta, já deveria ter ficado para trás”, disse Gularte, sem arriscar uma previsão de quando o mercado voltará a uma situação de equilíbrio.

No mercado interno, as margens estão melhorando e já se aproximam de 10%, com um aumento nas vendas de processados e queda de custos devido ao plano de eficiência. Os executivos ainda apontaram sinais positivos para a demanda no segundo semestre, como melhora nos índices de confiança do consumidor e de emprego.

Alavancagem

Além da queda no preço do frango, BRF teve maior prejuízo devido a um aumento de despesas financeiras, que subiram 26% e passaram de R$ 1 bilhão no trimestre.

Com um Ebitda menor, a alavancagem (relação entre dívida líquida) atingiu 3,75 vezes o Ebitda — o endividamento ficou praticamente estável —, mas os recursos do follow on de R$ 5,4 bilhões, finalizado em julho, reduzem esse indicador 2,42 vezes, segundo dados pro-forma apresentados por Mariano.

“Com a BRF performando melhor, o resultado operacional vai melhorar e o processo de desalavancagem deve acelerar”, disse o CFO.