Balanço

BRF remunera acionistas pela 1ª vez em oito anos – e mira mais investimentos

Depois de resultados recordes e expectativa de manutenção das margens em 2025, gigante de alimentos avalia expansão de capacidade no Brasil

BRF

Os ganhos do incontestável turnaround da BRF chegaram, finalmente, aos acionistas. A dona da Sadia vai pagar R$ 946 milhões em juros sobre capital próprio, na primeira remuneração aos detentores de suas ações desde 2016. O pagamento foi aprovado nesta quarta-feira, depois de mais um trimestre de recordes.

Entre julho e setembro, o Ebitda da BRF mais que dobrou e somou R$ 2,96 bilhões, um recorde para o período, com margem de 19,1% — a melhor já registrada pela empresa num terceiro trimestre. O lucro líquido somou R$ 1,1 bilhão, revertendo um prejuízo há um ano. Os números vieram em linha com o consenso dos analistas.

“Atingimos a maior geração de caixa operacional da nossa trajetória, R$ 3,4 bilhões”, comemorou o CFO da BRF, Fábio Mariano, em entrevista coletiva nesta quarta-feira. Ele também destacou a queda da dívida líquida, que, acompanhada do crescimento do Ebitda, levou a BRF à menor alavancagem já reportada: 0,71 vez.

Além do ciclo virtuoso no mercado de frango — com demanda forte e custos controlados —, a BRF continuou se beneficiando de seu programa de melhorias operacionais, implementado há cerca de dois anos por Miguel Gularte, CEO da empresa, e que se tornou contínuo.

O desempenho no mercado internacional foi o grande destaque no trimestre, com uma margem Ebitda de 22%, um avanço de 18 pontos percentuais em um ano. Além da forte alta do frango no mercado internacional, a BRF atribuiu o desempenho ao trabalho contínuo de novas habilitações para exportação, o que lhe permite arbitrar melhor os mercados para os quais vende e melhorar o seu mix. Só em 2024, a empresa conseguiu 70 novas habilitações.

No Brasil, a companhia também seguiu melhorando as margens devido à maior venda de processados — a BRF ganhou 1 ponto percentual de market share no período.

Mais investimentos

O bom momento permite à companhia planejar novos investimentos, inclusive no Brasil. “Uma das categorias que temos mais convicção para investir é a de congelados. Temos no pipeline projetos para expandir capacidade”, afirmou Mariano.

Há duas semanas, a BRF anunciou a compra de uma participação numa indústria de carne de frango na Arábia Saudita, a Addoha Poultry Company. A aquisição, feita por meio de uma joint venture com o fundo soberano saudita, foi fechada por US$ 84 milhões. Segundo Gularte, novos investimentos no exterior que estejam alinhados com a estratégia da empresa de crescer em produtos de maior valor agregado continuam no radar.

Os ventos favoráveis no mercado de frango devem continuar ajudando. “Não há sinais de arrefecimento na demanda e de excesso de oferta no mercado global. Nenhuma surpresa que possa alterar as atuais condições de mercado. Não damos guidance, mas vemos um mercado estabilizado em 2025”, disse Gularte.

***

A BRF está avaliada em R$ 41 bilhões na Bolsa. Em um ano, as ações da companhia (BRFS3) mais que dobraram de valor.