Biológicos

Com atraso no plantio, lucro da Vittia cai 21% no terceiro trimestre

Apesar de um setembro atípico, companhia aumentou receita líquida em 6%; CFO espera recuperação no quarto trimestre

Fábrica de biológicos da Vittia em São Joaquim da Barra (SP) | Crédito: Divulgação

O atraso nas chuvas e a consequente demora no início do plantio da soja impactaram os resultados do terceiro trimestre na Vittia (VITT3), uma das maiores empresas brasileiras de insumos biológicos e fertilizantes especiais. Mas, assim como as chuvas propiciaram a retomada do plantio, a empresa espera uma recuperação no quarto trimestre.

“Foi um trimestre desafiador, mas entregamos um crescimento de receita e passamos de prejuízo para um lucro acumulado no ano”, afirmou Alexandre Frizzo, CFO da Vittia, em entrevista ao The AgriBiz.

Entre julho e setembro, a Vittia obteve uma receita líquida consolidada de R$ 309 milhões, um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2023. Já o Ebitda caiu 7,7%, para R$ 83 milhões, com um recuo de quatro pontos percentuais na margem, que ficou em 27%. A empresa lucrou R$ 45,8 milhões no período, uma queda de 21%.

Setembro, que normalmente é um mês mais agitado comercialmente, foi bastante atípico devido ao atraso na semeadura de soja, que começou apenas em outubro. “A seca acentuou ainda mais um comportamento que tem sido visto desde o ano passado”, disse Frizzo, referindo-se às compras de insumos em cima da hora — ou “da mão para boca”, no jargão do mercado — por produtores e revendas.

Outro evento que reforçou uma postura mais conservadora por parte dos clientes foi o ambiente de crédito mais escasso e o anúncio de uma “grande recuperação judicial do setor”, disse ele sem citar nomes, mas numa clara referência à Agrogalaxy. “Todos, produtores e revendas, ficaram mais retraídos”, disse.

Na Vittia, os índices de inadimplência continuam perto da média histórica, reflexo de uma postura tradicionalmente mais conservadora da companhia na concessão de crédito, segundo Frizzo.

Biológicos

Diretamente impactadas pela seca, as vendas de defensivos biológicos da Vittia caíram 1,9% no terceiro trimestre. “Mas vemos uma continuidade no crescimento do nível de adoção. Esperamos uma recuperação no quarto trimestre, e um crescimento em torno de 13% no ano”, afirmou o Frizzo.

As vendas de fertilizantes foliares, micros de solo e produtos industriais apresentaram crescimento superior a 20% em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

Destoando no balanço, as vendas de inoculantes, segmento com menor participação na receita da companhia, caíram mais de 40%. Como o produto é mais focado na cultura da soja, foi o mais afetado pelo atraso do plantio. Além disso, a Vittia sentiu um aumento na competição, com novos players adotando estratégias de venda mais agressivas, contou Frizzo.

Recompra de ações

Depois de desembolsar cerca de R$ 38 milhões na recompra de aproximadamente 4,5 milhões de ações, quase 3% do capital da companhia, a Vittia está com o quarto programa de recompra aberto — um sinal da convicção da administração sobre o desconto que a companhia está sendo negociada na Bolsa, como afirmou o CEO da empresa, Wilson Romanini, em entrevista recente ao The AgriBiz.

A companhia também desembolsou outros R$ 42,5 milhões com o pagamento de proventos este ano. Mesmo assim, o endividamento ficou praticamente em linha com o mesmo período do ano passado e a alavancagem em níveis confortáveis — a dívida líquida ficou em 0,9 vez o Ebitda no terceiro trimestre.