O forte movimento global de redução de estoques de insumos agrícolas afetou os resultados da FMC no terceiro trimestre. O Ebitda ajustado da companhia norte-americana caiu 48% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 187,6 milhões, enquanto o lucro líquido foi 75% menor. A receita líquida caiu 30%, para US$ 1 bilhão.
O volume de vendas teve uma queda “sem precedentes” devido ao gerenciamento ativo de estoques feito por produtores e revendas, o CEO da FMC, Mark Douglas, disse no release de resultados. “Esperamos que o mercado de proteção de cultivos contraia entre um dígito alto e dois dígitos baixo este ano, apesar do uso de insumos no campo continuar estável”, disse Douglas.
Na América Latina, a receita da FMC caiu 38% devido à queda no volume de vendas. Na região, o movimento de consumo de estoques foi amplificado pela seca histórica na Argentina e em parte do Sul do Brasil, disse a empresa.
Com o cenário adverso, a FMC reduziu o seu guidance para receita e Ebitda de 2023. A companhia também baixou o seu guidance para fluxo de caixa livre, que pode até ficar negativo devido à queda na receita no primeiro semestre, retração no Ebitda e uma redução nos recebimentos esperados ao final deste ano. O guidance para o fluxo de caixa prevê o range entre US$ 175 milhões negativos e US$ 175 milhões positivos.
“O mercado de defensivos agrícolas está no meio de uma redefinição global dos níveis de estoque. Esperamos uma pressão de volumes no início do segundo semestre e ajustamos nosso guidance de acordo”, disse Douglas. No entanto, o consumo por parte do produtor continua estável na média, e pode aumentar no caso das principais culturas, acrescentou. No segundo semestre, o Ebitda pode ser beneficiado por custos menores e melhora no mix de vendas, pois a demanda por produtos de inovação continua firme.
As indústrias e canais de distribuição de insumos agrícolas passam por um ano de ajustes após um aumento significativo no nível dos estoques no ano passado, montados a preços recordes de herbicidas e fertilizantes. Neste ano, os preços dos insumos retornaram aos seus patamares históricos, levando as revendas a perdas com estoques devido ao descasamento de preços.
No Brasil, revendas líderes negociaram com as indústrias e conseguiram devolver parte dos estoques acumulados, mas parte deles continua nas prateleiras aguardando a compra do produtor agrícola, que tem atrasado suas encomendas esperando que os preços caiam ainda mais.