Crise

Em reestruturação, FMC prepara cortes no Brasil

Com custo de capital alto no Brasil, revendas querem reduzir ainda mais os estoques, diz vice-presidente da FMC

Duas semanas depois de apresentar uma queda de 64% no lucro trimestral da FMC, os principais executivos da companhia de defensivos agrícolas receberam analistas em sua sede, na Filadelfia (EUA), para apresentar o seu plano de negócios para a próxima década.

No Investor Day desta quinta-feira, os executivos encontraram os analistas mais preocupados com os resultados de curto e médio prazo, e acabaram respondendo a questões sobre como eles pretendem melhorar os números em 2024.

Para começar, a companhia prepara cortes no Brasil. O CEO da empresa, Mark Douglas, disse que está havendo uma reestruturação dos negócio no país, com um ajuste no tamanho de todas as funções e equipes comerciais. O processo, que começou neste quarto trimestre, deve terminar no primeiro trimestre de 2024.

FMC

Mas a reestruturação vai além do Brasil, e deve atingir, mesmo que em menor medida, todas as divisões e regiões onde a FMC atua, afirmou.

“Estamos aproveitando esse momento para repensar a forma como fazemos negócios”, disse Douglas. A companhia também está trabalhando para reduzir custos com empresas terceirizadas e reavaliando projetos para eleger prioridades.

Por outro lado, áreas consideradas críticas para o crescimento dos próximos anos, como a de biológicos e de inovação, devem ser preservadas.

Segundo o CEO, as medidas devem gerar uma economia entre US$ 50 milhões e US$ 75 milhões no próximo ano, quando a companhia espera atingir um crescimento de 3% na receita e de 8% no Ebitda em comparação com 2023.

A estimativa “realista”, segundo os executivos, está baseada principalmente no lançamento de novos produtos. Em outras palavras, a FMC não está contando com uma recuperação do mercado em geral para crescer.

Arrumando a casa

Outra medida adotada recentemente para colocar a casa em ordem foi negociar uma mudança nos covenants com credores para o limite de dívida líquida de 6,5 vezes o Ebitda até 30 de junho de 2024 — o limite anterior era de 4 vezes. Segundo o CFO Andrew Sandifer, o teto de alavancagem deve ser atingido no primeiro trimestre do próximo ano e depois começar a cair.

No Brasil, o ajuste de estoques ainda deve continuar, com as revendas procurando reduzir os inventários abaixo do patamar histórico, segundo Ronaldo Pereira, presidente da FMC para as Américas.

“Os nossos parceiros querem levar os estoques para um nível abaixo do que eles estão acostumados porque há a percepção de oferta disponível e de um elevado custo de capital”, Pereira afirmou. Da mesma forma, os agricultores também não querem manter os insumos em estoque.

“Nos Estados Unidos, onde o ciclo da safra já foi encerrado, tivemos a oportunidade de ver os produtores devolvendo estoques para as revendas. Provavelmente veremos o mesmo movimento no Brasil, mas ainda leva um tempo. Lá, estamos no início da safra”, disse.