Joint venture

Em uma década, terras da SLC LandCo triplicaram de valor

Companhia agrícola da família Logemann comprou a participação de 18,8% que os ingleses da Valiance tinham na joint venture por R$ 524 milhões

Colheita de algodão em fazenda da SLC

Em pouco mais de dez anos, as terras da joint venture entre a SLC e a firma de private equity britânica Valiance mais que triplicaram de valor, evidenciando os retornos de longo prazo da conversão de áreas para grãos.

O valuation da SLC LandCo, sociedade da companhia da família Logemann com os gestores ingleses, ficou público nesta segunda-feira. Pela manhã, a SLC anunciou que está comprando a participação de 18,8% que a Valiance tinha na joint venture, por R$ 524 milhões (cerca de US$ 97,2 milhões).

A esses valores, a SLC LandCo como um todo foi avaliada em quase R$ 2,8 bilhões. Como a área total é de 86,7 mil hectares — dos quais 54 mil agricultáveis —, a transação avaliou a joint venture em R$ 31,8 mil por hectare.

Em 2012, quando a Valiance investiu US$ 50 milhões para ficar com 18,8% da SLC LandCo — que na ocasião tinha uma área total de 61,1 mil hectares —, a LandCo estava avaliada em R$ 8,9 mil por hectare. Ou seja, o valor do hectare mais que triplicou desde então.

Para os britânicos, a saída do investimento poderia ser melhor se o câmbio ajudasse  — um problema frequente para gringos que investem no Brasil. Se o dólar estivesse nos mesmos patamares de 2012, próximos de R$ 2, a Valiance sairia da SLC LandCo com US$ 257 milhões.

Na SLC, a compra da totalidade da LandCo — ativo que responde por pouco mais de 13% da área plantada da gigante agrícola — ocorreu a um bom preço, disse um fonte que atua no mercado de terras.

Considerando apenas a área agricultável da joint venture, a transação com a Valiance foi precificada em R$ 51,9 mil por hectare, o que significa um desconto de cerca de 10% sobre o último laudo de terras da SLC, notou o analista Leonardo Alencar, da XP Investimentos.

Em junho deste ano, o laudo de terras da SLC preparado pela Delloite mostrou um hectare útil de R$ 57,5 mil, com os mais de 600 mil hectares da companhia avaliados em R$ 11,6 bilhões, uma cifra que supera o valor de mercado da companhia na bolsa (R$ 7,9 bilhões).

 “Mesmo se a compra da LandCo fosse a R$ 60 mil por hectare, seria barato”, disse um assessor financeiro de produtores rurais.

Ações caem

Apesar desses preços atrativos para a SLC, as ações da empresa estão sofrendo no pregão desta segunda-feira. Às 16h20, os papéis caíam 1,6%, enquanto o Ibovespa sobe 0,16%.

A reação negativa dos investidores pode estar relacionada à preferência dos investidores ao uso do caixa para uma recompra de ações, ao invés de aquisições. A transação desta segunda-feira também poderia levantar dúvidas sobre mudanças na estratégia de crescimento asset light da SLC.

Para Alencar, da XP, não é esse o caso. A estratégia continua a mesma, com a companhia dos Logemann extraindo o retorno maior dos arrendamentos, como mostra a ampliação de área arrendada feita nos últimos meses.

Na leitura do analista, o que justificou a aquisição da participação dos ingleses pela SLC foi o desalinhamento entre os sócios sobre a necessidade de investir na produtividade da Bahia, onde fica boa parte das áreas da SLC LandCo, e não uma mudança na orientação asset light.

“Esse movimento foi necessário para que a companhia conseguisse continuar investindo em produtividade, particularmente em irrigação na Bahia, o que não estava alinhado com o antigo minoritário”, escreveu o analista da XP.

Com 18,8% da LandCo, a Valiance poderia ter uma participação bem maior na joint venture. Quando formou a sociedade, em 2012, os ingleses tinham o direito de chegar a 49% do capital, mas não exerceram a opção de compra.