Etanol

Enfim, o milho barato chegou ao balanço da FS

Queda no custo da matéria-prima começou a melhorar o resultado e deve ajudar na desalavancagem nos próximos trimestres, avalia o BTG

Planta de etanol da FS em Lucas do Rio Verde

A FS, pioneira na produção de etanol de milho no Brasil, finalmente começou a se beneficiar da queda no preço do grão. As margens já melhoraram com a redução no valor de sua principal matéria-prima. O próximo passo será a desalavancagem.

No balanço do primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, encerrado em junho, a FS mostrou uma queda de 27% no custo com milho, para R$ 46 a saca, o que anulou os efeitos da queda do etanol e possibilitou um crescimento de 6% do Ebitda na comparação anual. A margem de esmagamento ficou em R$ 0,76 por litro de etanol, ainda com uma forte queda em relação ao mesmo período da safra anterior (-21%). Mas há sinais de melhora ante os R$ 0,41 por litro de todo o ano de 2024.

A FS vinha numa sequência de resultados negativos devido à estratégia desenhada pela companhia para garantir seus suprimentos de matéria-prima e evitar sustos: a política de compras antecipadas de insumos. Quando o milho começou a acelerar o movimento de queda no ano passado, a empresa já havia travado boa parte das compras do grão, conseguindo se beneficiar pouco dos preços mais baixos.

Como o valor de venda de seus principais produtos também caíram no ano passado (etanol e DDG), o Ebitda despencou, fazendo a alavancagem disparar. Agora, com o fim do estoque caro de milho, o jogo começa a virar. Pelo menos essa é a expectativa dos analistas do BTG Pactual, que, em relatório divulgado nesta quarta-feira, apontam uma “trajetória sólida de desalavancagem à frente”.

Até o momento, a FS travou 75% de sua necessidade de milho para todo o ano ao preço médio de R$ 40,50 por saca, uma queda de 22% em relação ao ano passado, segundo o relatório do BTG. Como a expectativa é de que o milho continue a cair, os custos com a aquisição do grão podem cair em até R$ 1 bilhão nesta safra, segundo os analistas Thomas Tenyi, Renan Tiburcio e Diego Espinoza.

Alavancagem de 7x

Apesar do milho já ter possibilitado um crescimento de 6% no Ebitda do trimestre, a dívida líquida disparou para 7,4 vezes o Ebitda no primeiro trimestre, ante 2,4 vezes no mesmo período do ano anterior devido à forte queda do Ebitda no acumulado dos últimos 12 meses. Mas o BTG vê uma “trajetória sólida de desalavancagem à frente” — um fator de upside para os bonds da companhia, na visão do banco.

Os executivos da FS estão perseguindo uma alavancagem de 3 vezes até março de 2025, e adotaram algumas medidas para alcançá-la. Entre elas, está a suspensão do pagamento de dividendos este ano, o congelamento de novos projetos até que a nova estrutura de capital se normalize, um aumento na capacidade de produção de etanol e uma recuperação da margem Ebitda para aproximadamente R$ 1 por litro dos R$ 0,68 no trimestre anterior.

“Consideramos a FS uma boa opção de investimento de longo prazo, já que o momento no mercado de etanol melhorou significativamente, com uma esperada redução de oferta em todo o setor e a paridade do preço da gasolina nas bombas se recuperando bem, com o etanol subindo 32% no acumulado do ano”, diz o BTG.