Defensivos

FMC desaba 13% em Nova York. A razão: o Brasil

“A magnitude da redução dos estoques no Brasil foi muito maior do que havíamos previsto”, admitiu o CEO Mark Douglas

No fundo do poço, tinha um alçapão. As ações da americana FMC, uma das maiores indústrias de defensivos agrícolas do mundo, desabam nesta segunda-feira, arrastadas pela frustração da companhia com os resultados no Brasil.

No início da tarde, as ações da companhia recuavam 13%, aprofundado o cenário negativo acumulado ao longo dos últimos meses. Em 2023, os papéis da FMC já recuaram 52,8%, um reflexo da queda nas vendas e da deterioração global do mercado de defensivos químicos — o excesso de estoques derrubou os preços.

A performance negativa desta segunda-feira reflete a revisão para baixo no guidance da companhia para 2023.  Num comunicado divulgado durante a manhã, a FMC cortou drasticamente as projeções para o Ebitda.

Sede de FMC, na Pensilvânia: “Redução de estoques no Brasil foi muito maior do que previmos”, disse o CEO da FMC | Crédito: Shutterstock

Agora, a companhia espera que o resultado fique entre US$ 970 milhões e US$ 1,03 bilhão. No ponto médio das projeções, a estimativa representa uma queda de 25,6% na comparação com o guidance anterior (entre US$ 1,3 bilhão e US$ 1,4 bilhão).

Nesse ritmo, é possível que a FMC encerre o ano queimando caixa.

Estoques no Brasil

O desbalanceamento dos estoques no Brasil é, de longe, o principal responsável pela revisão nas projeções da FMC, admitiram os executivos da companhia.

“Durante o terceiro trimestre, observamos uma contínua redução de estoques nos canais em todas as regiões. No entanto, a magnitude da redução no Brasil foi muito maior do que havíamos previsto”, reconheceu Mark Douglas, presidente e CEO da FMC, em nota.

Nas demais regiões de atuação da companhia (América do Norte, Ásia, Europa, Oriente Médio e África), o ritmo de redução de estoques está em linha com as expectativas da companhia.

Short seller

Para a FMC, a frustração com os resultados no Brasil (um dos maiores consumidores de agroquímicos) adiciona pressão ao inferno astral vivido pela companhia.

No mês passado, a empresa precisou se defender das acusações da Blue Orca Capital, que montou uma posição vendida na companhia e ajudou a derrubar os papéis.

No relatório em que justifica o short, a gestora argumentou que a FMC pode começar a sofrer com a competição com genéricos do inseticida diamida mais rápido do que dava a entender.

A patente da primeira molécula de diamida da FMC caiu neste ano, mas a companhia sustenta que detém patentes do processo de fabricação do produto químico, o que protegeria as vendas de um inseticida premium até 2026. No ano passado, os produtos à base de diamida responderam por 22% das vendas da FMC.

A FMC está avaliada em US$ 7,3 bilhões. A companhia divulga o balanço do terceiro trimestre na semana que vem.