Balanço

“Foi um ano muito duro para a Lavoro, mas vemos recuperação de margens”, diz CEO

Depois de quase dois anos, os estoques de insumos nas revendas agrícolas parecem ter se normalizado

Ruy Cunha, CEO da Lavoro, diz que margens devem melhorar sensivelmente na safra 2024/25 | Crédito: Divulgação

“Foi um ano muito duro para o agronegócio e também para a Lavoro”. Assim Ruy Cunha, CEO da maior rede de revendas agrícolas do País, resume o desempenho da companhia na safra 2023/24, que amargou um prejuízo de R$ 785 milhões.

Embora o ritmo de compra dos agricultores não esteja melhor na atual safra e muitos fazendeiros venham sofrendo com um problema de liquidez — o mercado de crédito ficou escasso —, o CEO da Lavoro vê sinais mais evidentes de melhora da rentabilidade.

Depois de quase dois anos de sinais de recuperação frustrados e duas revisões de guidance, Cunha acredita que os estoques de insumos nas revendas agrícolas parecem ter se normalizado, o que significa mais estabilidade nos preços de fertilizantes e defensivos.

Para uma varejista como a Lavoro, que precisa operar com um markup para fechar as contas, a estabilidade dos insumos é um indicador antecedente de recomposição das margens.

Não à toa, a rede de revendas trabalha com um aumento do Ebitda na safra 2024/25, o que só vai ser possível com margens melhores uma vez que o faturamento pode cair.

Pelas projeções da Lavoro, a receita com a venda de insumos agrícolas deve ficar entre R$ 7,7 bilhões e R$ 8,3 bilhões. No ponto médio da estimativa, a projeção representa uma queda de 3,6% na comparação com a safra 2023/24.

“As margens vão ser iguais aos anos de pandemia? Não vão. Mas tendem a melhorar sensivelmente versus a safra passada”, disse o CEO da Lavoro em entrevista ao The AgriBiz.

Nas demonstrações financeiras divulgadas ontem à noite, a Lavoro reportou uma margem bruta de 11,6% na safra 2023/24 na distribuição de insumos no Brasil, queda de quase cinco pontos percentuais na comparação anual.

Os números do quarto trimestre da temporada passada, no entanto, já sinalizariam um início de recuperação, argumentou o executivo. No período, a margem bruta da Lavoro na distribuição de insumos no Brasil ficou em 15,5%, um acréscimo de 2,1 pontos.

“Nosso foco é melhorar as margens para estarmos bem-posicionados para quando o ciclo virar”, disse Cunha durante uma teleconferência com analistas e investidores pela manhã.