Carne

A estratégia dos frigoríficos para aumentar os preços para China

Em Anuga, exportadores de carne bovina tentam melhorar preços após alta recente do boi gordo; preços do frango já apresentam recuperação

De Düsseldorf e Colônia (Alemanha) — Feiras são pensadas para aproximar vendedores de compradores, e o anseio de fechar negócios normalmente é presente nas reuniões. Não parece ser o caso dos frigoríficos brasileiros neste ano em Anuga, a maior feira de alimentos do mundo realizada em Colônia, na Alemanha.
 
Nas conversas de exportadores brasileiros com os chineses, a ideia ontem era evitar fechar contratos na feira. O mais importante era dar uma sinalização de preços, um exercício de paciência com um cliente reconhecidamente hábil nas negociações.

Depois de um primeiro semestre ruim, com um embargo temporário da China à carne brasileira e preços baixos nas duas proteínas mais importantes (frango e carne bovina) para os frigoríficos nacionais, parece haver um rearranjo na indústria e mais esperanças.

No Brasil, a recente recuperação dos preços do boi gordo (depois de despencar em agosto, o animal subiu 18% em setembro) vai reforçar o argumento dos exportadores brasileiros nas negociações com os chineses por melhores preços.

Se o pulso da feira estiver certo, a ideia é levar o preço do dianteiro para US$ 5 mil por tonelada. Nos últimos dados semanais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgados nesta segunda-feira, o preço médio da exportação brasileira estava próximo de US$ 4,6 mil. Nos áureos tempos do ano passado, o valor chegou a US$ 6 mil.

Os mais escolados, no entanto, argumentam que a estratégia para lidar com os chineses pode esbarrar na valorização do dólar, que é benéfica para o exportador. Nesses momentos, os importadores pressionam por uma redução. “O brasileiro costuma ceder rápido”, lamenta um executivo.

Frango em recuperação

Se na carne bovina ainda há um estica e puxa, na indústria de carne de frango o otimismo parece ter voltado. A queda dos preços dos grãos já vinha ajudando, mas agora o preço internacional também está se recuperando.

“É a primeira vez que venho para uma feira internacional com o preço subindo, e não caindo”, resumiu Luis Rua, diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Ao que parece, o excesso de oferta que marcou a indústria global de carne de frango ficou para trás. Ainda não é um mercado exuberante, mas vem melhorando, concordou Miguel Gularte, CEO da BRF.

*O jornalista viajou a convite da Marfrig