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Frigol vai captar R$ 160 milhões a 4% ao ano; custo de dívida cai

Na primeira emissão de um CRA com rating da Moody’s, Frigol vê resultados dos investimentos em governança

Frigol

Enquanto parte do agronegócio sofre com a maior aversão à risco de crédito (especialmente após a RJ da Agrogalaxy), a indústria frigorífica caminha na direção contrária.

O Frigol, quarto maior player de carne bovina do País, acaba de lançar uma oferta para levantar R$ 160 milhões em um CRA que nasce com a garantia firme de dois grandes bancos brasileiros, apurou The AgriBiz.

A transação será a terceira emissão no mercado de capitais da companhia fundada pela família Gonzaga de Oliveira, mas a primeira com o selo da agência de classificação de riscos Moody’s — em mais um sinal de evolução da governança do Frigol.

A Moody’s classificou o frigorífico e a emissão como grau de investimento, com rating “A-” para a Frigol, e “A” para a emissão do título. O novo CRA do Frigol terá vencimento em 2030, com garantia em recebíveis e em uma das unidades da companhia.

Os juros da operação também ilustram a evolução da companhia liderada por Eduardo Miron, executivo com mais de 20 anos de Cargill e dez de Marfrig que assumiu como CEO do Frigol no fim de 2021.

A taxa do CRA está limitada a CDI + 4% ao ano, podendo ficar abaixo disso a depender da demanda dos investidores. Nos dois CRAs anteriores, o Frigol emitiu uma dívida mais cara, com custo de CDI + 5,75% ao ano.

Com a nova emissão, a empresa marca sua volta da companhia ao mercado de capitais, depois de um hiato de quase dois anos. Em 2023, o Frigol até ensaiou levantar um CRA, mas o caso atípico do “mal da vaca louca” frustrou a operação.

O porte do Frigol

Com mais de R$ 3,2 bilhões de receita líquida e 5,8% de margem Ebitda, o Frigol vem aproveitando o ciclo da pecuária favorável, com ampla oferta de gado, para melhorar os resultados e reduzir o índice de alavancagem (dívida líquida sobre Ebitda).

No último 30 de junho, o indicador de endividamento estava em 1,34 vez, uma melhora significativa sobre as 2,45 vezes registradas no mesmo período do ano passado. Pelas cláusulas dos CRAs emitidos em 2022, o Frigol precisa manter a alavancagem abaixo de 3 vezes.

A estrutura de capital saudável reflete um longo processo de melhora da governança. Desde que saiu da recuperação judicial, em 2019, o Frigol se aproximou dos bancos e, aos poucos, vem melhorando o custo de capital.

Sob a liderança de Miron e do diretor financeiro Eduardo Masson, o Frigol aprimorou a área de relações com investidores, tornando a comunicação com o mercado bem mais frequente e reportando os resultados trimestrais da mesma forma que uma companhia listada faz.

Desde que Miron chegou, o Frigol já levantou R$ 210,6 milhões em CRAs. Os títulos já tiveram investidores como o CRAA11, Fiagro da Sparta que só investe em companhias consideradas high grade. As gestoras Kinea, Capitânia e Vinci mantém CRAs do Frigol no portfólio.

Procurado pela reportagem, o Frigol não comentou. A empresa está em período de silêncio.