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“O negócio de carne da Marfrig está subavaliado”, diz Morgan Stanley

Para analistas do banco de investimentos, preocupação de parte do mercado com os indicadores de endividamento da Marfrig é “excessiva”

Marfrig, uma gigante mundial de alimentos

A preocupação de parte do mercado com os indicadores de endividamento da Marfrig é “excessiva”, deixando de lado uma companhia que permanece com fundamentos sólidos mesmo no momento mais desafiador do ciclo da pecuária nos Estados Unidos.

A avaliação é do Morgan Stanley. Em um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira, os analistas Ricardo Alves, Lucas Mussi e Henrique Morello reiteraram a recomendação de compra das ações da companhia de Marcos Molina, enxergando um upside de 25% para MFRS3.

“O mercado parece excessivamente cauteloso com alavancagem da Marfrig. Monitoramos esse assunto de perto, mas acreditamos que a geração de caixa deve manter as métricas de alavancagem sob controle”, escreveram os analistas do banco de investimentos, lembrando que as ações da Marfrig começaram 2025 com o pé esquerdo, acumulando 7% de queda.

Nas contas do Morgan Stanley, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Marfrig deve chegar ao fim deste ano em 2,9 vezes. É uma patamar acima das 2,6 vezes do ano passado, mas ainda assim bastante controlado diante do momento do ciclo pecuário nos Estados Unidos, marcado por severa restrição na oferta de gado.

Nos atuais preços, as ações da Marfrig negociam a um valuation atrativo, segundo os analistas. Quando consideram a margem Ebitda de meio de ciclo na National Beef — algo em torno de 5% —, os papéis da companhia negociam a um múltiplo (EV/Ebitda) de apenas 4,6 vezes, abaixo da média histórica de 5,4 veezes.

Ao excluir a BRF da conta, deixando apenas os negócios de carne bovina, o Mortan Stanley vê os papéis da Marfrig negociando ainda mais baratos, a um múltiplo de 3,3 vezes. “Continuamos vendo os negócios de carne bovina subavaliados”, escreveram os analistas.

Para sustentar essa argumento, os analistas lembraram que a National Beef continua entregando margens melhores que a concorrência (Tyson Foods e JBS USA) graças a uma combinação que inclui um portfólio de cortes de carne mais premium, redução de despesas e uma indústria frigorífica mais racional, o que se traduz em menos abates aos sábados.

Na América do Sul, o ciclo da pecuária até deve apertar as margens da operação de carne bovina da Marfrig no segundo semestre, mas a expectativa é melhor do que o Morgan Stanley esperava anteriormente.

Os analistas passaram a projetar que a margem Ebitda da operação de carne bovina na América do Sul deve ficar em 10,7% em 2025, acima dos 9,4% esperados anteriormente.

“Depois da venda de ativos para a Minerva, a divisão da Marfrig na América do Sul ficou mais equilibrada entre carne bovina puramente comoditizada e produtos de valor agregado”, escreveram os analistas.

Nas contas do Morgan Stanley, 60% da receita do negócio de carne bovina da Marfrig na América do Sul é originada em commodity e 40% em produtos de valor agregado — itens como hambúrguer e cortes com marca.

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Listada na B3, a Marfrig está avaliada em R$ 14,1 bilhões.