Reestreia

Para emplacar o IPO do bacon, chinês dá desconto na Smithfield

Controladores chineses levantaram cerca de US$ 260 milhões com a reestreia da companhia americana na bolsa

Smithfield bacon
O IPO nos EUA é uma forma de prover liquidez para o WH Group, ajudando os negócios do grupo no mercado chinês | Crédito: Shutterstock

A maior indústria de carne suína do planeta não empolgou investidores em seu retorno à bolsa. Doze anos depois de ser comprada pelos chineses do WH Group, o Smithfield levantou US$ 522 milhões, num IPO que saiu abaixo da faixa de mercado almejada pelos controladores. 

A empresa foi avaliada em US$ 7,9 bilhões — a expectativa inicial era de um valuation de US$ 10,7 bilhões. Quando o grupo chinês tirou a empresa da bolsa americana, em 2013, pagou US$ 4,7 bilhões pela companhia, marcando um recorde para um takeover chinês de uma companhia dos Estados Unidos.

Na oferta precificada na segunda-feira, o preço foi fixado em US$ 20, abaixo do intervalo de US$ 23 a US$ 27 divulgado anteriormente. Ao todo, foram vendidas 26 milhões de ações, com metade das ações em uma oferta primária e a outra metade em uma oferta secundária.

De acordo com os documentos protocolados na SEC, Wan Long, presidente do conselho e diretor executivo, comprou US$ 64 milhões em ações da companhia. A compra será financiada com um empréstimo de um banco comercial.

Desde 2014, o faturamento da Smithfield cresceu apenas 9%, saindo de US$ 13,4 bilhões para US$ 14,6 bilhões em 2023. Em perspectiva, a JBS deu um salto de 50%, saindo de US$ 50 bilhões para US$ 76 bilhões. A Tyson Foods cresceu mais de 40%, com as vendas saindo de US$ 37,6 bilhões para US$ 53,3 bilhões.

O IPO será uma forma de prover liquidez para o WH Group, um movimento que poderia ajudar o grupo a equilibrar os negócios na China, que nos últimos anos vem sofrendo com a forte queda dos preços da carne suína.

Com a listagem, a Smithfield planeja crescer em alimentos processados, com estratégias que incluem a mudança para um mix de maior valor agregado e de produtos mais premium, ampliando as vendas de presunto. A companhia também quer aumentar a penetração de embutidos de margem maior.

Atualmente, o negócio de alimentos processados já é o grande responsável pelo lucro da companhia. De janeiro a setembro, o negócio de packaged meat gerou um lucro de US$ 855 milhões, o equivalente a 109% do lucro operacional consolidado. Isso ocorre porque na criação de porcos, outra divisão da companhia, a Smithfield geralmente perde dinheiro.

No prospecto, a Smithfield promete aos investidores manter uma estrutura de capital saudável, com o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) sempre abaixo de 2 vezes e uma liquidez mínima de US$ 1 bilhão, preservando o grau de investimento.