A JBS não tem uma vaca leiteira, mas a Pilgrim’s Pride se tornou uma cash chicken para ninguém botar defeito. Responsável por quase 41% da geração de caixa da gigante brasileira, a indústria americana de carne de frango acaba de reportar o maior Ebitda de sua história, com a melhor margem em sete anos.
Listada na Nasdaq, a Pilgrim’s bateu a estimativa dos analistas para o terceiro trimestre, registrando um Ebitda de US$ 660 milhões — o dobro na comparação com o mesmo período do ano passado. Antes do balanço, o consenso das estimativas do sell side compiladas pela Bloomberg era US$ 588 milhões.
Com operações nos Estados Unidos, México e Europa, a Pilgrim’s se beneficia do excepcional ciclo da carne de frango, com oferta global apertada e custos com grãos nas mínimas. Assim, a companhia conseguiu entregar uma margem Ebitda de 14,4%, a maior desde o terceiro trimestre de 2017. Um ano antes, as margens da Pilgrim’s não chegavam a 7,5%.
Os resultados impressionantes derrubaram os índice de endividamento da companhia. Em 29 de setembro, o indicador que mede a relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado ficou em apenas 0,65 vez.
Nos Estados Unidos, país onde a Pilgrim’s faz 60% da receita, a carne de frango ganhou muita competitividade, uma escolha bem mais barata num momento em que a carne bovina está cara — um reflexo do momento duro do ciclo pecuário para os frigoríficos americanos.
A operação da Pilgrim’s também melhorou na Europa, e particularmente no Reino Unido, onde Ivan Siqueira vem liderando uma reestruturação operacional desde o ano passado.
No terceiro trimestre, o Ebitda ajustado da companhia no Velho Continente aumentou 39% (US$ 130 milhões), com a margem saindo de 6,1% para 8,5%. “É o maior Ebitda ajustado trimestral já registrado na Europa”, disse a Pilgrim’s.
Graças ao momentos nos Estados Unidos e Europa, a Pilgrim’s registrou um lucro líquido de US$ 349,9 milhões no terceiro trimestre, praticamente o tripo do resultado registrado um ano antes.
Esse desempenho pode suscitar uma revisão para cima nas expectativas dos analistas para os resultados consolidados da JBS, que serão divulgados em meados de novembro.
Avaliada em US$ 11,3 bilhões na Nasdaq, a Pilgrim’s viu as ações subirem 72% em doze meses. A JBS controla a companhia, com uma participação de 80%.