Calamidade

Temporais provocam caos na produção de aves e suínos no Rio Grande do Sul

Granjas estão ilhadas no Vale do Taquari devido aos temporais; situação pode impactar unidades de BRF e Seara no Rio Grande do Sul

Temporais afetam o Rio Grande do Sul

Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul já impactam a produção de aves e suínos. Com estradas e pontes interditadas, as granjas não conseguem receber ração e enviar os animais para os frigoríficos no Estado. A BRF informou que os abates em algumas unidades gaúchas foram suspensos temporariamente.

“A BRF está avaliando todos os impactos e já executa seu plano de contingência para mitigar os reflexos na produção”, informou a empresa em nota. “A companhia está priorizando o apoio aos colaboradores e à comunidade local”, acrescentou.

Nesta quinta-feira, cerca de 10 milhões de aves e entre 10 mil a 15 mil suínos devem ficar sem condições de alimentação, estimou uma fonte de uma grande indústria do setor. “É bem caótica a situação”, disse a fonte. Em alguns casos, funcionários de abatedouros sequer conseguiram voltar para casa.

O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado mais relevante na produção de carne, sendo responsável por 11% dos abates de frango e 20% de suínos.

A extensão dos problemas na região é comparável à verificada durante a greve dos caminhoneiros em 2018, que resultou na disrupção da cadeia devido aos bloqueios nas rodovias. “Pode ser até pior. Porque, desta vez, será preciso reconstruir a infraestrutura em muitas localidades”, disse Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.

Até o momento, os problemas mais graves estão no Vale do Taquari, na região central do Estado, segundo Folador. “Estão todos ilhados ali. O volume de água na região é algo desproporcional”.

Embora não seja o principal polo gaúcho de produção de aves e suínos, o Vale do Taquari possui frigoríficos de grandes empresas. A BRF possui uma unidade de abate no município de Lajeado, enquanto a Seara possui uma unidade em Roca Sales e outra planta em Bom Retiro do Sul.

A situação no norte e noroeste do Estado, regiões com maior peso na produção estadual, começou a se agravar nesta quinta-feira, com o aumento da intensidade das chuvas nas últimas 12 horas, segundo Folador. “Eu diria que 90% do transporte para escoar suínos e receber ração está trancado no Rio Grande do Sul”, afirmou.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse, em nota, que está acompanhando com preocupação a situação de calamidade e os levantamentos logísticos e da extensão de prejuízos ocorridos no Rio Grande do Sul após as chuvas.

“Há relatos iniciais de impactos em determinados núcleos de produção, ainda não quantificados”, diz a entidade. As empresas estão se mobilizando, dentro de suas possibilidades, para auxiliar a Defesa Civil no apoio às vítimas e recuperação das regiões afetadas, acrescentou.

E os temporais devem continuar. Até sábado, estima-se que mais de 250 milímetros caiam sobre a metade norte do Rio Grande do Sul, de acordo com Celso Oliveira, meteorologista da Safira Energia e colunista de The AgriBiz. Em Lajeado, nos últimos quatro dias, o acumulado de chuva ultrapassou 300 milímetros. A média histórica de precipitações para o Rio Grande do Sul é de 120 milímetros em todo o mês de maio.

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Na bolsa, as ações pouco refletem a situação da produção de aves e suínos na região da Sul. As ações da JBS sobem 3%, impulsionada pelos bancos resultados da americana Pilgrim’s Pride. Os papéis da BRF, que é mais exposta aos mercados de aves e suínos, oscilam próximo da estabilidade.