Revendas

Lavoro vê queda de até 20% no mercado de insumos

Para Ruy Cunha, CEO da Lavoro, cenário para revendas nos próximos meses continuará difícil com maior competição, mas volume de vendas deve subir

A queda nos preços de fertilizantes e defensivos agrícolas deve provocar uma retração de 15% a 20% no faturamento do mercado brasileiro de insumos na safra 2023/24. A expectativa é de Ruy Cunha, CEO da Lavoro, maior distribuidora de insumos agrícolas do Brasil.

Embora os problemas com elevados níveis de estoques já tenham sido contornados por parte dos players, incluindo a Lavoro, a safra será de ajuste de preços, estimulado pela queda dos insumos no mercado internacional após os recordes de 2023 e por um aumento na competição entre as revendas, disse Cunha em entrevista ao The Agribiz.

“Veremos uma maior competição de revendas por preços nos próximos meses”, disse Ruy Cunha, CEO da Lavoro | Crédito: Divulgação

“O cenário nos próximos meses será um pouco mais difícil porque veremos maior competição em preços. Mas estou confortável com a nossa situação”, disse. “É um ano de ajuste, mas seguimos cautelosamente otimistas aqui.”

Em volume, no entanto, o mercado de fertilizantes e defensivos deve apresentar crescimento moderado, de 6% a 8%, puxado por um aumento na área plantada e por um maior uso de insumos, principalmente de fertilizantes, que sofreram uma redução no número de aplicações na safra passada devido à disparada dos preços, lembrou Cunha.

Ao contrário de outros players, a Lavoro não enfrenta problemas com atrasos nos recebimentos, segundo o CEO. A empresa também já concluiu a maior parte dos ajustes para adequar o nível de seus estoques, permitindo que eles voltassem a um nível “saudável”, apesar de ainda estarem acima da média histórica. Para Cunha, a principal preocupação atualmente é o atraso na comercialização da safra e compra de insumos, o que pode atrapalhar as entregas.

M&A

Apesar de ser um ano menos exuberante para o agro, Cunha disse que o interesse da Lavoro por aquisições continua o mesmo. O foco, neste momento, está no Brasil, embora a tese de consolidação da empresa seja válida para América do Sul.

Depois de se concentrar no Rio Grande do Sul, a Lavoro avalia agora oportunidades nas regiões Sudeste e Nordeste. Algumas transações estão em negociação e podem ser anunciadas nos próximos meses.

O CEO não revela quanto do valor levantado em uma fusão com uma SPAC já foram destinados a aquisições, mas dá uma pista: “Ainda temos um pouco mais da metade para investir em M&As”. Na transação com a The Production Board, a rede de revendas levantou US$ 143 milhões.

As ações da Lavoro caem 38% desde sua estreia na Nasdaq em março, influenciadas por baixa liquidez. A empresa tem trabalhado para atrair mais investidores. Nos últimos meses, reforçou a sua área de relações com investidores e abriu uma filial nos Estados Unidos, com um representante local da área de RI para melhorar a comunicação com analistas e investidores.

Até outubro, a empresa espera ter a cobertura de quatro analistas sell side ؅— hoje apenas um acompanha a companhia. Outras ferramentas para aumento da liquidez também têm sido avaliadas, disse Cunha, sem fornecer mais detalhes.

“Neste momento, o mais importante é garantir que o mercado entenda o case da Lavoro. Temos uma preocupação muito grande em contar a história certa”, resumiu.