Soja

Na BrasilAgro, a safra vai bem, obrigado

Plantio em propriedades da empresa na região do Xingu (MT) ocorreu dentro da janela ideal; CEO comemora melhora em todos os indicadores operacionais

Em um dos piores inícios de safra das últimas décadas, a BrasilAgro tem motivo para comemorar. Em Mato Grosso, Estado que mais sofreu com a irregularidade das chuvas até aqui, a maioria das propriedades da BrasilAgro está em um “oásis” na região do rio Xingu, nas palavras do próprio presidente da empresa, André Guillaumon.

Em meio à irregular chuva de Mato Grosso nesta primavera, a água que caiu sobre as fazendas da BrasilAgro na região do Xingu possibilitou um plantio dentro da janela ideal, sem a necessidade de replantio.

“Todos os indicadores operacionais da companhia estão melhores. Plantamos mais rápido, melhor, com sementes mais distribuídas. Fizemos a nossa parte. A outra é a chuva”, Guillaumon disse a jornalistas após participar do BrasilAgro Day nesta sexta-feira. O evento, direcionado a investidores, foi realizado num modelo inovador: em uma sala de cinema em São Paulo, com direito a poltrona reclinável e pipoca.

“Largamos bem. Mas tem muita água para passar debaixo da ponte ainda”, ponderou o CEO. Mas, conseguir um plantio adequado em condições gerais tão adversas, já é um gol, admitiu. O replantio foi necessário em apenas 3 mil dos 79 mil hectares que a empresa está semeando com soja.

O presidente da BrasilAgro, André Guillaumon, fala a investidores em uma sala de cinema | Crédito: Eliane Azevedo/BrasilAgro

Embora tenha muito a agradecer a São Pedro, o clima não é o único responsável pela melhora nos indicadores operacionais nesta safra. “Todo mundo estava falando que poderíamos ter fevereiro e março muito secos. Nos preparamos para ter eficiência operacional para plantar dentro da janela ideal”, afirmou.

A BrasilAgro encerrou o plantio de soja na região do Xingu em 7 de novembro, o que vai possibilitar o cultivo de algodão na segunda safra. “Tivemos sorte e competência operacional no nosso maior cluster.”

Até mesmo no Matopiba, onde os impactos do El Niño costumam ser mais fortes, a expectativa da empresa é positiva. Embora tenha replantado uma área da fazenda Chaparral, na Bahia,  Guillaumon acredita que, se as chuvas normalizarem a partir de agora como os modelos meteorológicos indicam, será possível atingir uma produtividade em linha com a média histórica.

Safrinha

O maior impacto do clima adverso será sentido no milho. A BrasilAgro vai deixar de plantar 9 mil hectares com milho na segunda safra em relação ao orçamento inicial devido à baixa rentabilidade estimada com a venda do grão. A produção total de milho da empresa, portanto, vai cair. Mas o CEO espera um aumento de produtividade.

Além da possibilidade de plantar o milho numa janela adequada, beneficiando-se do calendário favorável que teve com a soja, Guillaumon acredita que a seleção criteriosa das áreas que receberão milho safrinha pode resultar em uma maior produtividade por hectare. “Não vou plantar nas áreas onde colho menos de 100 sacos por hectare”, afirmou.

A situação da BrasilAgro é diferente da média do País, onde a maioria dos produtores deve ter a produção impactada pelo plantio fora da época ideal. “Uma semana de delay na janela do milho representa uma perda de 15% do potencial produtivo. O desafio é enorme”, disse.

Além disso, houve redução no pacote tecnológico para a safra de milho. Muitos produtores decidiram cortar custos diante dos baixos preços da commodity, e essa decisão terá um efeito na produtividade, lembrou. “Isso ainda não está precificado”.

Terras

O CEO também indicou que ainda há oportunidades para venda de terras, cujos preços ainda não começaram a cair apesar do ano mais desafiador no setor agrícola. “Temos uma liquidez corrente importante no mercado imobiliário”, afirmou. Ao mesmo tempo, ele sinalizou que o ciclo de baixa das commodities pode começar a gerar oportunidades de compra, como sugere o senso comum.

Questionado se a companhia está mais do lado vendedor ou comprador, Guillaumon resumiu: “Tivemos dois anos de preço de commodities muito alto, fazia sentido estar mais vendedor. Eu diria que já estamos no equilíbrio. Quem sabe, se continuar assim, vamos estar mais na mão compradora”.