Logística

Na Comfrio, a ordem é menos dívida e mais crescimento

Companhia de armazéns refrigerados controlada pelo Aqua Capital reorganizou o passivo após aporte da firma de private equity

De volta ao controle do Aqua Capital, a Comfrio reorganizou as dívidas para ganhar tração no mercado de armazenagem refrigerada sem descuidar da estrutura de capital, um ponto crítico para um negócio intensivo em capital para investimentos.

Conhecida por atender clientes como BRF e gigantes de sementes como Bayer, Corteva e KWS, a Comfrio recebeu uma injeção de recursos dos controladores e renegociou o passivo, alongando o prazo médio de vencimento das dívidas.

Com isso, preparou o balanço para voltar a crescer. “Com a capitalização e o alongamento do perfil da dívida, mais de R$ 400 milhões foram injetados na empresa”, disse Sidney Catania, o executivo que comanda a Comfrio desde 2019.

Na reorganização, o Aqua Capital não foi o único a injetar recursos. Em uma espécie de management buyout, alguns dos principais executivos da Comfrio ajudaram a capitalizar a companhia, ficando com uma participação minoritária de pouco mais de 10%.

“A participação dos executivos no management buyout foi muito importante por que transmite confiança para o mercado de capitais”, contou o CEO da Comfrio ao The AgriBiz.

Nesse processo, a Comfrio reduziu o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda), que estava acima de 4 vezes e penalizava a companhia em um momento de custo de capital salgado — a Selic, vale lembrar, saltou de 2% na pandemia para 13,75%.

“Deu uma bela reestruturação”, disse Catania. Agora, a alavancagem da Comfrio está mais próxima de 3 vezes, mas é um indicador manejável para sustentar o crescimento. Em três a cinco anos, o objetivo é chegar a 2,5 vezes.

Ao mesmo tempo, não vale apenas ter uma baixa alavancagem se os vencimentos das dívidas estiverem concentrados no curto prazo, até porque os investimentos em armazenagem levam tempo para maturar. “O ideal é ter um duration de quatro a cinco anos”, disse ele.

Investimentos

Enquanto segue trabalhando para alongar as dívidas — um processo que vai levar alguns anos para se completar, a Comfrio já encontrou espaço para investir. Neste ano, serão R$ 90 milhões.

Desse total, a companhia está investindo cerca de R$ 30 milhões em empilhadeiras que usam bateria de lítio, reduzindo a pegada de carbono.

Para ampliar as operações, há também um investimento em um armazém novo para atender uma indústria de lácteos no Nordeste e um outro para uma fabricante de chocolates.

Neste ano, a expectativa é aumentar o faturamento da Comfrio em 15%, chegando próximo de R$ 600 milhões, segundo Catania. O Ebitda vai crescer mais do que isso, garantiu o executivo.

Tradicionalmente, as indústrias de alimentos representam 40% do faturamento da Comfrio. Nessa vertical, estão clientes como BRF, Seara, Minerva, Danone, Vigor, entre outros. O setor agrícola responde por 30%, atendendo especialmente os negócios de sementes da Bayer, Corteva e Syngenta.

A Comfrio também atende redes de restaurantes e food service, como Starbucks e Lindt, representando cerca de 20% das vendas. O restante fica nos serviços de transportes.