
No ano em que se espera uma safra recorde de grãos, todos os olhares se concentram no segundo trimestre da Rumo. Os primeiros três meses do ano, como já se esperava, começaram devagar, refletindo a menor quantidade de fixações de preços em relação ao ano passado.
Dados divulgados ontem à noite pela empresa trouxeram mais cor para esse cenário. O volume transportado pela Rumo no primeiro trimestre caiu 7% na comparação anual, para 16 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU). O volume ficou abaixo da estimativa dos analistas do Goldman Sachs, que esperavam uma redução de 4%.
Essa redução de volumes deve ser combinada a tarifas estáveis na comparação com o início de 2024. Nessa conta, a estimativa do sell side do Itaú BBA é de um Ebitda de R$ 1,5 bilhão a R$ 1,6 bilhão para o primeiro trimestre, que, se confirmado, reflete uma queda de pelo menos 5% ano a ano.
Os números mais fracos para os primeiros três meses do ano já estavam dentro das análises de boa parte do mercado — e explica por que a ação negocia com pouca oscilação nesta manhã. No último call de resultados, a própria Rumo já havia admitido que o volume de fixações deste ano estava menor do que o de 2024.
“Um percentual da soja ainda vai acontecer no mercado spot, um cenário que já enfrentamos de forma parecida em safras anteriores. A ideia é que isso se desenvolva a partir dos próximos meses, com a parcela spot ficando menor ao longo do tempo”, afirmou Guilherme Machado, CFO da Rumo, em fevereiro.
Mas, na entrada do segundo trimestre, os analistas já demonstram preocupação com os próximos meses.
“Por mais que o ano tenha começado há pouco tempo e a safra nos traga uma perspectiva otimista, notamos dúvidas crescentes quanto à capacidade de a companhia conseguir cumprir o guidance anunciado”, escreveu a equipe formada por Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Pedro Tineo, do Itaú BBA.
Os analistas Bruno Amorim e João Frizo, do Goldman Sachs, trouxeram uma perspectiva mais clara do que esperam. Na visão deles, que têm um rating neutro para a Rumo, a companhia deve entregar em 2025 um aumento de Ebitda de 8% no ano, ante os aumentos de 25% e 37% em 2023 e 2024.
“Além disso, vemos espaço limitado para revisões para cima pelo consenso de analistas, e um valuation equilibrado dado o cenário das taxas básicas de juros no Brasil”, escreveram em relatório.
Nas contas deles, a Rumo é negociada a um EV/Ebitda de 5,6 vezes, chegando a 6,5 vezes ao incorporar a correlação com a Selic atual, um patamar em linha com o que a companhia tem negociado nos últimos anos.
***
Na B3, a Rumo (RAIL3) está avaliada em R$ 30,8 bilhões. Nos últimos doze meses, os papéis acumulam queda de 28%.