Insumos

O boom dos biológicos continua: Biotrop triplica capacidade de produção

Empresa investiu R$ 100 milhões em novas plantas em Jaguariúna e Curitiba — e mira internacionalização

Biotrop inaugura nesta semana centro de multiplicação de microrganismos em Curitiba (PR) | Crédito: Divulgação

A Biotrop, uma das empresas líderes na produção de insumos biológicos, está dando mais um passo importante em seu processo de expansão. A empresa inaugura nesta semana duas unidades que triplicarão a sua capacidade, uma investida com potencial para acelerar o crescimento da empresa criada pelo agronômo Antonio Carlos Zem.

A companhia investiu mais de R$ 100 milhões em dois centros de multiplicação de microrganismos. Em Curitiba (PR), a Biotrop passa a ter uma segunda unidade para multiplicação de bactérias. Em Jaguariúna, no interior de São Paulo, a nova planta será dedicada à produção de fungos em meio sólido, complementando o portfólio da companhia.

“Com as novas unidades, temos capacidade para atender o crescimento do mercado pelo menos nos próximos três a quatro anos”, disse Eduardo Pesarini, diretor de operações e supply chain da Biotrop, ao The AgriBiz.

A demanda por insumos biológicos tem crescido entre 30% e 40% ao ano, mesmo com os soluços do mercado de insumos agrícolas em meio à queda nos preços das commodities e os atrasos nos pagamentos e nos pedidos dos agricultores.

“O mercado continua meio travado. O agricultor está deixando para fazer as compras em cima da hora, e as revendas e cooperativas estão com uma passada mais lenta. É um ano bem mais trabalhado, mas temos a expectativa de crescer”, afirmou Pesarini.

A Biotrop prevê um crescimento acima da média do mercado, mas talvez não seja mais possível alcançar a expansão de 50% no faturamento estimada pelo CEO, Antonio Carlos Zem, durante uma entrevista ao The AgriBiz em março. “Não sei se vai chegar a 50%, mas deve ficar em casas próximas a isso”, disse o diretor de operações.

Quase um ano após o anúncio da venda para a Biofirst por R$ 2,8 bilhões, as empresas estão numa fase de “refino” na integração de suas operações e de planejamento, disse Pesarini. Em outubro, na Bélgica, devem ser definidas as prioridades de investimento para os próximos anos.

“Já estamos pensando nas próximas plantas, mas vai depender muito do que vamos colocar no plano de metas para cinco anos. Pode ser uma expansão no Brasil ou com unidades em outras localidades, como Estados Unidos e Europa”, disse Pesarini. A internacionalização das operações da Biotrop é uma das prioridades desse novo ciclo, além da manutenção do foco em inovação.

“A gente sempre fala que não quer saber só do next. A gente tem que ter o next do next”, brinca Pesarini. “Não é porque um produto é campeão hoje que a gente não tem que estar pensando no próximo e no próximo.”

No ano passado, a Biotrop investiu R$ 85 milhões em pesquisa e desenvolvimento, cifra que deve ser replicada neste ano.

As novas plantas

Definidos antes da venda do controle para os belgas da Biofirst — nome da holding que abriga a Biotrop, a Biobest e mais duas empresas —, os investimentos devem dar suporte ao forte crescimento que o grupo planeja para os próximos anos.

Em entrevista recente ao The AgriBiz, Zem disse que a meta do controlador é atingir um faturamento de US$ 1 bilhão globalmente até 2030. No ano passado, o faturamento combinado dos negócios da Biofirst não chegou a US$ 500 milhões. Sozinha, a Biotrop faturou R$ 618 milhões em 2023.

A nova planta de Curitiba, dedicada à multiplicação de bactérias, terá capacidade para produzir 36 milhões de litros por ano. Em sua primeira unidade na capital paranaense, a Biotrop elevou a capacidade para 12 milhões de litros por ano após um investimento recente em expansão.

Em Jaguariúna, a planta terá capacidade para fermentação de 24 toneladas por semana. Perto da unidade, a empresa mantém um laboratório de inovação em fungos, onde se dedica a pesquisas para a multiplicação dos microrganismos em meio líquido, um processo com potencial para ter mais flexibilidade e escala em relação aos meios sólidos, segundo Pesarini. Ainda não há nenhuma empresa com o domínio da multiplicação em meios líquidos em escala comercial.