Nos EUA

O desastroso balanço da Tyson

A Tyson Foods chocou o mercado com um balanço trimestral muito abaixo das expectativas de Wall Street

Se a Minerva pode exibir algum otimismo com as perspectivas da indústria frigorífica da América do Sul, na maior companhia de carnes dos Estados Unidos o quadro foi um tanto desolador.

A Tyson Foods chocou o mercado na segunda-feira com um balanço trimestral muito abaixo das expectativas de Wall Street, amargando uma margem operacional praticamente nula e traçando um cenário negativo para a demanda do consumidor.

Tyson Foods

No trimestre encerrado em abril – o ano fiscal vai até setembro –, a Tyson amargou a pior margem de sua história na operação de carne suína. Em carne bovina, a margem foi a menor desde 2015 – com exceção de um período muito específico da pandemia.

A surpresa negativa foi resumida no título jocoso que o analisa Ken Goldman, do J.P. Morgan, deu ao relatório em que comenta os resultados da Tyson: “Meatless Monday” (Segunda sem Carne) — um vegano talvez tenha gostado da brincadeira, mas a gigante americana certamente preferia passar sem essa.

Corte nas projeções de 2023

Não bastasse o trimestre ruim, a Tyson cortou as projeções para os resultados de quase todas as divisões no ano fiscal. Agora, espera que a margem operacional do negócio de carne bovina (o mais importante) fique entre 1% negativo ou 1% positivo. Em carne suína, o melhor cenário seria uma margem zerada.

Num relatório publicado na segunda-feira, os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG Pactual, comentaram as repercussões do resultado da Tyson para as brasileiras que operam no mercado americano (JBS e Marfrig).
 
O grande receio é que a perspectiva negativa traçada pela Tyson signifique uma barbecue season, período de forte consumo de carnes nos Estados Unidos, bem mais morna, o que pode prejudicar os resultados futuros das duas brasileiras.

Também fica no ar um receio de que as margens do negócio de carne bovina nos EUA fiquem ainda mais apertadas em 2024 diante de uma oferta de gado restrita. 

Em um ano, os papéis da Tyson caem quase 50%. A companhia vale US$ 17 bilhões.