Ponto de inflexão

O que as margens da Pilgrim's dizem sobre a JBS?

Depois de meses conturbados para os produtores globais de carne de frango, balanço do terceiro trimestre mostra que a maré está começando a virar

Depois de trimestres conturbados para os produtores globais de carne de frango, com custos altos e a inflação pressionando o consumo, a maré está começando a virar, sinalizou nesta quinta-feira a Pilgrim’s Pride, gigante americana de carne de frango controlada pela JBS.

“Os resultados da Pilgrim’s reforçaram a nossa convicção de que a JBS está perto de um ponto de inflexão”, escreveu Thiago Duarte, analista do BTG Pactual, em relatório sobre o balanço do terceiro trimestre — divulgado ontem à noite pela Pilgrim’s.

Para o analista, que recomenda a compra de ações da JBS, há sinais de que as margens da empresa brasileira — exceto no negócio de carne bovina nos Estados Unidos— devem melhorar.

Fábrica da Pilgrim's no Reino Unido

Com operações nos EUA, México e Europa, a Pilgrim’s responde por aproximadamente 25% das vendas globais do grupo brasileiro. Os resultados da JBS como um todo serão conhecidos em 13 de novembro, quando a companhia divulga as demonstrações do trimestre.

Em call com analistas nesta manhã, o CEO da Pilgrim’s, Fabio Sandri, falou sobre as condições mais favoráveis para os produtores de aves nos próximos trimestres. Os preços mais baixos dos grãos vão reduzir os custos, enquanto a demanda por frango deve ser favorecida por uma queda relevante na produção de carne bovina nos Estados Unidos, que sofre com uma redução na disponibilidade de gado.

O balanço

A Pilgrim’s apresentou melhora nas margens em todas as regiões em que opera em comparação com o segundo trimestre. O Ebitda de US$ 324 milhões, veio acima das estimativas de mercado, contribuindo para a alta de 2,7% das ações em Nova York. Listada na Nasdaq, a Pilgrim’s está avaliada em US$ 5,7 bilhões.

A companhia atribuiu a melhora principalmente a ganhos operacionais, maior diversificação de seu portfólio e parcerias com clientes chave, que têm crescido acima da média do mercado.

O balanço entre oferta e demanda de frango nos Estados Unidos está começando a melhorar depois de cortes na produção. E, enquanto negócio de commodities (os big birds) continua impactado por alta volatilidade, segmentos como de alimentos preparados e asas de frango têm uma recuperação mais forte. “As asas estão de volta ao cardápio”, disse Sandri.

Além disso, os problemas com mão de obra que afetaram os resultados de todos os produtores de proteína nos Estados Unidos foram superados, e as fábricas da Pilgrim’s estão com o quadro de funcionários completo, disse Sandri. “Agora, o nosso desafio é treinar essas pessoas para alcançarmos mais ganhos operacionais”, afirmou.

Europa e México

Nos outros mercados em que a Pilgrim’s opera, as margens do terceiro trimestre já superaram as reportadas há um ano. Na Europa, houve alívio nos custos e melhorias em eficiência. Olhando para frente, o aumento na renda disponível dos consumidores, com o alívio da inflação, deve favorecer o consumo.

Ainda que a carne bovina tenha sofrido o maior impacto do choque inflacionário na Europa, a queda na renda causou um downgrade no perfil de consumo em geral, com uma migração para as marcas dos varejistas. Com a melhora no cenário, as vendas de marcas como a Richmond, que pertence à Pilgrim’s, devem ser favorecidas, afirmou o executivo.

No México, os resultados da Pilgrim’s continuam fortes, favorecidos por custos mais baixos e uma forte demanda.