M&A

Por que a SLC pagou US$ 135 milhões para arrendar as terras da Sierentz

“Vamos pagar pelo menos 3 sacas de soja por hectare a menos”, disse Ivo Brum.

Os preços mais competitivos de arrendamento de terras justificam os US$ 135 milhões que a SLC aceitou pagar para assumir a operação agrícola da Sierentz — o segundo maior M&A já feito na história da companhia da família Logemann.

Ao assumir os 100 mil hectares que eram operados pelos investidores franceses, a SLC garantiu o arrendamento de terras em contratos de longuíssimo prazo — boa parte só vence em 2035 — a um custo pelo menos 20% mais barato que a média de mercado.

“Vamos pagar pelo menos 3 sacas de soja por hectare abaixo do mercado por ano. Isso justifica porque estou pagando US$ 135 milhões para operar as terras. ”, contou Ivo Brum, diretor financeiro da SLC, ao The AgriBiz.

Os contratos de arrendamento adquiridos da Sierentz possuem um custo médio de 9,3 sacas de soja por hectare, enquanto os preços de arrendamento na região oscilam entre entre 12 e 13 sacas por hectare.

Como alguns analistas pontuaram em relatórios ao longo do dia, o valor do arrendamento do M&A com a Sierentz também está abaixo da média dos contratos da SLC, mas Brum argumenta que essa comparação não é justa, já que a SLC opera em regiões mais valorizadas, como o Mato Grosso e Bahia, onde o custo de arrendamento é maior do que os praticados em regiões de fronteira.

Mais arrendamentos

A SLC, que há poucos anos operava com cerca de metade das terras próprias e metade arrendadas, passará a ter em seu portfólio cerca de um terço de terras de terceiros — um patamar considerado confortável pelo CFO.

Dependendo das oportunidades que aparecerem, a empresa poderia chegar a ter um quarto de terras arrendadas, disse Brum. Para ele, isso não significa, necessariamente, um maior risco financeiro.

“O risco que temos é não ter safra pra pagar esse arrendamento. Mas isso vai ser muito difícil para uma empresa como a nossa, que opera em oito estados, em diferentes regiões… Isso mitiga o risco”, afirmou.

Por outro lado, operar apenas em terras de terceiros traz alguns inconvenientes, especialmente considerando arrendamentos com prazos mais curtos. “Muitas vezes, fazer investimentos em ativos fixos, como silos, sede, refeitórios, alojamentos, fica complicado”, explicou.

O ideal, segundo ele, é o arrendamento de fazendas adjacentes a propriedades da própria SLC, como é o caso da área no Maranhão que estava sendo operada pela Sierentz. “São áreas muito próximas às nossas. Posso manter os silos das nossas operações, aumentar as nossas algodoeiras para absorver a produção das fazendas que serão incorporadas.”

E o apetite continua? “Continuamos olhando oportunidades, mas não temos mais pressão de crescimento”, disse o CFO. Depois de aumentar a sua área arrendada em 60 mil hectares no ano passado, só a aquisição da Sierentz entregou quase três vezes a meta de crescimento anual da empresa, de 35 mil hectares, pontuou o analista Thiago Duarte, do BTG Pactual, em relatório.

A SLC terá um (bom) grande desafio pela frente, que é a incorporação dos 100 mil hectares da Sierentz e de seus colaboradores, afirmou Brum. Além disso, a companhia da família Logemann ainda tem potencial de crescimento sem expansão de área.

O CFO citou como exemplo a irrigação de 50 mil hectares nos próximos quatro a cinco anos na Bahia, estado que concentra o maior risco climático da companhia atualmente. O projeto demandará um investimento da ordem de R$ 1 bilhão.

***

As ações da SLC responderam à aquisição anunciada hoje com uma valorização de 3%. Em 12 meses, os papéis sobem 4,9%. A companhia está avaliada em R$ 8 bilhões na Bolsa.