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Sem Nestlé, BRF avalia joint venture para divisão de pet

Capitalizada, BRF não tem mais urgência financeira para a venda de pet food; sem ofertas atrativas, avalia ficar com o negócio e sociedade com a ADM

A BRF está reavaliando o futuro da divisão de pet food e pode até desistir da venda integral do negócio, apurou The Agribiz. Uma das possibilidades em estudo é formar uma joint venture com a Archer Daniels Midland (ADM), que também possui um negócio de pet food, disseram três fontes.

A potencial mudança de planos é um reflexo da melhora substancial da estrutura de capital da BRF após o follow-on de julho, que injetou R$ 5,4 bilhões no caixa da companhia. A empresa também está perto de concluir a venda de créditos tributários ao BTG Pactual.

Com o caixa fortalecido, a dona da Sadia não precisa mais encarar a venda do negócio de pet food como uma boia de liquidez. Além disso, há uma razão negocial trivial para a mudança de planos: o apetite dos interessados foi mais fraco do que o imaginado.

Pet food
Sem ofertas atrativas pela divisão de pet, BRF agora avalia manter o negócio e joint venture com a ADM | Crédito: Shutterstock

No processo competitivo conduzido pelo Santander, mais de uma dúzia de interessados apareceram, mas as ofertas não chegaram nos R$ 2 bilhões almejados pela dona da Sadia.

A Nestlé chegou a fazer uma oferta de aproximadamente R$ 1,7 bilhão ainda antes da contratação do Santander. A multinacional sempre foi vista no mercado como uma das favoritas para levar o negócio, até porque concorreu com a BRF na compra dos mesmos ativos em 2021 — a dona da Sadia levou a melhor.

Foi o interesse da gigante suíça, aliás, que motivou o engajamento do banco em um processo competitivo. Esperava-se que, com mais interessados, o M&A sairia na faixa de preço imaginada pela BRF. Mas isso não ocorreu.

Outras empresas que avaliaram de perto o ativo, como a GrandFood — empresa de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf, dona da marca PremieR —, acenaram propostas com valores ainda mais baixos, segundo fontes consultadas por The Agribiz.

Sociedade com ADM

Sem ofertas atrativas, a opção em alta, neste momento, é manter a divisão pet dentro da companhia. Também está em análise a formação de uma joint venture com a ADM, embora nenhuma decisão tenha sido tomada ainda. Procuradas, ADM e BRF não responderam a pedidos de comentário.

Coincidentemente, a gigante americana concluiu recentemente uma reestruturação no negócio de nutrição animal, segregando as áreas de pet food e animais de produção. Como a BRF só atua em pet food, a reorganização facilitaria uma joint venture. No Brasil, as marcas de pet food da ADM são Equilíbrio, Max Cat, Naturalis e DogLicious, entre outras.

A ADM também é uma companhia próxima da Marfrig, controladora da BRF. Ambas são sócias na PlantPlus, que atua no mercado plant based — a empresa de Marcos Molina possui 70% e os americanos, 30%.

Fontes lembram ainda que a própria Marfrig tem uma operação menor de pet — a Bona Pet, marca de petiscos e pet toys feitos com ossos bovinos. Faria todo sentido juntar todos os ativos numa companhia só.