Logística

Hidrovias do Brasil desaba 8% com efeitos da seca

Empresa antecipará manutenções programadas para dezembro e janeiro, interrompendo a navegação no Arco Norte antes do previsto

Os efeitos da seca no norte do Brasil e a piora nas condições de navegação no sul castigam as ações da Hidrovias do Brasil nesta terça-feira. Por volta das 15h17, os papéis da companhia caiam 8%. Em bolsa, a empresa está avaliada em R$ 2,67 bilhões.

A queda ocorre depois que a Hidrovias do Brasil divulgou os resultados do balanço do terceiro trimestre, cortando o guidance para 2023.

Na noite de segunda-feira, a companhia informou que espera atingir Ebitda entre R$ 740 e R$ 770 milhões neste ano. Pelos cálculos da XP, isso significa dizer que o Ebitda do quarto trimestre ficará numa faixa negativa entre R$ 2 milhões e R$ 32 milhões.

Apesar de ainda representar um crescimento de 9,5% em relação a 2022, o Ebtida projetado para o ano é 17% menor do que a média das estimativas de mercado, segundo o BTG Pactual.

A mudança reflete principalmente uma nova expectativa em relação ao volume transportado no quarto trimestre no corredor norte. Com a gravidade e o prolongamento da seca, que reduz os calados dos rios, a companhia decidiu antecipar manutenções que estavam programadas para o final de dezembro e janeiro.

A companhia interromperá a navegação a partir de meados de novembro e dezembro —a empresa quer deixar a frota pronta para retomar as operações assim que as condições de calado melhorarem.


Em entrevista ao The Agribiz na semana passada, o diretor de grãos da ADM no Brasil, Leonardo Souza, disse esperar uma melhora nas condições de navegação no rio Madeira nas próximas semanas, pois começavam a aparecer sinais de recuperação nos níveis de água. As barcaças carregando grãos comercializados pela trading estavam navegando com cerca de um terço da capacidade devido ao baixo calado, disse ele.

A Hidrovias do Brasil reforçou, no comunicado de hoje, que a seca na região é um evento não recorrente, e que o corredor norte continua sendo uma opção altamente competitiva para as exportações de grãos. Para 2024, a empresa espera elevar a capacidade de exportação pelo norte para 8 milhões de toneladas.

Problemas também no Sul

Depois de uma retomada significativa do nível do calado da hidrovia Paraná-Paraguai durante este ano, o nível das águas em alguns pontos de navegação apresentou uma redução mais acelerada do que o esperado na última semana, gerando a necessidade de adaptações pontuais.

Os volumes transportados no quarto trimestre devem ser inferiores à programação anual, mas a companhia espera ganhar participação de mercado devido a uma competição mais fraca. Ao mesmo tempo, no entanto, as flexibilizações necessárias para manter a navegação devem impactar os custos operacionais.