Logística

Hidrovias do Brasil sobe 5% após vender ativos de cabotagem por R$ 715 milhões

A transação é um primeiro passo para adequar a estrutura de capital, reduzindo o índice de alavancagem em 0,3 vez

Hidrovias do Brasil

Depois de uma semana em que sofreu com a pressão dos investidores, a Hidrovias do Brasil deu um primeiro passo para melhorar a estrutura de capital, reduzindo o pesado endividamento que estrangula a operadora logística.

Na madrugada desta sexta-feira, a Hidrovias do Brasil anunciou um acordo para a venda das operações de cabotagem no Pará por R$ 715 milhões, incluindo R$ 521 milhões em assunção de dívidas. O ativo será comprado pela Norsul, uma companhia de navegação especializada em cabotagem.

O M&A provocou uma reação positiva na bolsa. Às 10h21, as ações da Hidrovias do Brasil subiam quase 5%, recuperando-se parcialmente das perdas acumuladas ao longo da semana.

Ao que tudo indica, a venda do negócio de cabotagem não deve ser a única. Buscando levantar caixa com a venda de ativos considerados não estratégicos, a Hidrovias do Brasil pretende se desfazer de um terminal no Porto de Santos, como The AgriBiz já antecipou.

Com essas vendas, a investida do Grupo Ultra começa a resolver sua estrutura de capital. Estrategicamente, a ideia é concentrar a atuação na operação de barcaças, nos corredores Norte e Sul.

No curto prazo, a saída do negócio de cabotagem dá uma contribuição à estrutura de capital, mas está longe de resolver tudo. Em dezembro, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) da Hidrovias do Brasil estava em 6,6 vezes. Com o M&A de R$ 715 milhões, o indicador cairia para 6,3 vezes — já excluindo dessa conta o Ebitda da operação de cabotagem.

Para trazer a alavancagem a um patamar saudável que torne a companhia capaz de voltar a crescer, a Hidrovias do Brasil conta a venda do terminal de Santos e principalmente com um aumento de capital da ordem de R$ 1,5 bilhão.

Na terça-feira, o diretor financeiro da Hidrovias do Brasil, André Hachem, disse a analistas que pretende anunciar o aumento de capital ainda em março. No ano passado, a companhia já havia tentado a operação, mas fracassou diante da piora das condições macroeconômicas.

“Não temos um problema de liquidez, mas um impeditivo de crescimento. O aumento de capital, com injeção de dinheiro na companhia, vai readequar o balanço e permitir uma nova fase de crescimento”, explicou Hachem aos analistas.

Sem o aumento de capital, a Hidrovias do Brasil continuará sob desconfiança dos investidores tamanho é o nível de endividamento — um problema ainda maior considerando o trajetória da Selic.

Em uma semana, as ações da Hidrovias do Brasil caíram 11,47%. Nos últimos doze meses, o papel (HBSA3) derreteu 47%.

Na bolsa, a companhia está avaliada em R$ 1,5 bilhão. Ultrapar, a gestora Alaska e o Pátria — firma de private equity que montou a companhia — são os principais acionistas, com 40,4%, 20,1% e 10,3%, respectivamente.