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No pico de investimentos da Ferrovia do Mato Grosso, a Rumo vai investir R$ 2 bilhões este ano nas obras que vão ligar Rondonópolis a Lucas do Rio Verde. Outros R$ 2 bilhões foram investidos no biênio 2023-24 e é possível que fique um rescaldo para 2026.
“Ainda estamos finalizando estudos para trazer essa projeção para 2026. Por enquanto, o guidance anunciado no ano passado, de R$ 5 bilhões, está mantido”, afirmou Guilherme Machado, CFO da Rumo, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira.
Ao todo, a Rumo deve investir neste ano de R$ 5,8 bilhões a R$ 6,5 bilhões, um crescimento ante os R$ 5,5 bilhões de 2024, dando sequência a projetos já iniciados. Além da Ferrovia do Mato Grosso, a Rumo também vai investir para aumentar a fluidez na Malha Paulista e reduzir congestionamentos no Porto de Santos (SP). Também começam neste ano os trabalhos para o projeto em terminal em parceria com CHS em Santos.
“Estamos em um ritmo crescente de investimentos, na convicção de que vão gerar eficiência e capacidade adicional que vão nos permitir capturar resultados”, afirmou o CFO. “No ano passado, operamos perto do limite em alguns meses, o que mostra que construímos resiliência operacional”.
Os números da nova safra
Neste ano, a Rumo projeta transportar de 82 a 86 bilhões de TKUs, em linha com as expectativas do mercado e um crescimento de pelo menos 2% em relação ao ano passado. A companhia espera um Ebitda de R$ 8,1 bilhões a R$ 8,7 bilhões para o próximo ano, ante R$ 7,7 bilhões em 2024. Nas contas dos analistas do BTG Pactual, os números implicam em um crescimento de preço de 4,2%.
Mesmo em um ano de safra recorde de soja, a Rumo deve ter um crescimento significativo da carteira de não grãos, com acréscimos de volume de celulose a partir de um contrato firmado com a Suzano, além de bauxita a partir de um acordo firmado com a CBA — isso sem falar em outras iniciativas e também no transporte de líquidos.
No transporte de grãos, o principal da carteira da empresa, Machado sinalizou que a companhia mantém uma perspectiva otimista para a safra atual devido ao aumento de área e de produtividade da soja, além de um plantio alinhado com o calendário para o milho — embora incertezas climáticas ainda pairem sobre a a safrinha.
Sem dar números, o CFO afirmou que a companhia já está com a carteira de farelo já totalmente comercializada para o ano e que a Rumo está “muito avançada” em relação à comercialização de soja no primeiro semestre. As fixações, no entanto, continuam acontecendo enquanto a safra se desenrola.
“Um percentual dessa soja ainda vai acontecer no mercado spot, mas é um cenário que já enfrentamos de forma parecida em safras anteriores. A ideia é que isso se desenvolva a partir dos próximos meses, com a parcela spot ficando menor ao longo do tempo”, afirmou.
A companhia também avançou na precificação do transporte de milho para o segundo semestre. “É um ano forte, com uma safra concentrada o que, de maneira natural, vai privilegiar a solução logística mais eficiente. Fizemos investimentos para proporcionar fluidez e seguimos confiantes”, diz o CFO.
No ano passado, a Rumo transportou no corredor de Santos algo em torno de 35 milhões de toneladas, sendo 32 milhões de toneladas de grãos. Neste ano, a expectativa é que esse número cresça um pouco mais.
A partir de 2026, o sistema deve viver uma nova fase com a conclusão dos investimentos da Cofco no porto paulista e com a conclusão das obras no Mato Grosso. A expectativa é de que ambos adicionem 10 milhões de toneladas, uma meta que a companhia vai perseguir a partir de 2026.
“Não devemos capturar os 10 milhões de toneladas de um ano para o outro, vamos ponderar o quanto isso cresce no ano a ano, mas é um volume que vamos perseguir”, afirmou Felipe Saraiva, diretor de RI da Rumo.
No final da década, o novo terminal da CHS vai adicionar uma capacidade de 9 milhões de toneladas de grãos e 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes ao porto de Santos. Uma obra no terminal 39 de Santos também deve adicionar mais capacidade, trazendo um novo salto em volumes para a companhia até o final da década.