Feira

Afinal, o que vira venda efetiva depois da Agrishow?

Entre os bancos, as taxas de conversão não passam de 20%, de acordo com um executivo graduado de um das maiores instituições financeiras do país

Agrishow

RIBEIRÃO PRETO — No meio do emaranhado de números que bancos, fabricantes de máquinas e equipamentos divulgam na Agrishow, é difícil não se perder. Afinal, as vendas estão aquecidas?

No encerramento oficial, os organizadores da tradicional feira agrícola realizada em Ribeirão Preto divulgaram um número superlativo, especialmente quando se leva em consideração os níveis apertados das margens do produtor de grãos.

Somando todas as intenções de pedidos, a Agrishow reportou um recorde na edição encerrada sexta-feira: R$ 13,3 bilhões, um crescimento de 2,4% na comparação com a feira do ano passado. Ao todo, 195 mil pessoas passaram pelo evento, que lotou os hotéis de Ribeirão e das cidades vizinhas.

“Mantivemos os visitantes e aumentamos as intenções de negócios. Esperamos que, para o próximo ano, o agronegócio brasileiro possa estar ainda mais forte e pujante”, disse o presidente da feira, João Marchesan, em nota.

Em termos práticos, no entanto, as intenções de pedidos ainda estão muito longe de se transformarem em vendas. Para alguns executivos, a taxa de conversão da Agrishow é inferior às feiras do Centro-Oeste como Tecnoshow, na goiana Rio Verde, e Show Safra, na mato-grossense Lucas do Rio Verde.

Feira de máquinas na Agrishow

Em um jantar com jornalistas durante a semana, os executivos da Yanmar, uma fabricante de tratores de origem japonesa que possui forte atuação na Bahia, disse que a missão era conseguir converter 55% dos pedidos na Agrishow em vendas efetivas, uma meta desafiadora.

Entre as instituições financeiras, a taxa de conversão de protocolos de financiamento em vendas pode ser ainda mais difícil, o que é algo natural. Costumeiramente, os produtores que passaram pela feira com a intenção de adquirir novas máquinas fazem cotações em diversos bancos diferentes.

“Em média, só 13% dos protocolos tirados na feira viram financiamento”, disse um executivo graduado que já participou de algumas dezenas de feiras, trabalhando por grandes bancos. Para ele, é impossível ficar de fora de uma feira do porte da Agrishow, mas o mais importante ali é fincar a bandeira e não conceder crédito.

“Muito protocolo só vai ser desembolsado mesmo a partir de julho”, disse Gustavo de Castro Freitas, diretor-executivo de negócios, crédito e produtos do Sicredi, em uma coletiva na Agrishow.

Julho é o mês de entrada do novo Plano Safra, o que também explica a demora. Até lá, muitos esperam que a La Niña se confirme, o que costuma ajudar a safra do Centro-Oeste, um alívio depois de um ano sofrido com o El Niño.

*O jornalista viajou a Ribeirão Preto a convite do pool de empresas organizado pela Mecânica da Comunicação.