Máquinas

AGCO vende divisão de armazenagem por US$ 700 milhões

Os termos do negócio sugerem que a Kepler Weber, a líder disparada do mercado brasileiro de silos, está subavaliada

GSI AGCO

A aguardada revisão do portfólio da AGCO teve seu desfecho nesta quinta-feira. A gigante americana de máquinas agrícolas acaba de vender a divisão de armazenagem, que fabrica silos agrícolas e é dona da marca GSI, por US$ 700 milhões. A American Industrial Partners, uma gestora de private equity, ficou com os ativos.

Deixar o negócio de armazenagem passou a fazer sentido para a AGCO após a bilionária aquisição da Trimble, companhia de agricultura de precisão que foi comprada por US$ 2 bilhões.

Logo que anunciou a aquisição da Trimble, no ano passado, a AGCO indicou que estava decidida a concentrar suas operações em máquinas agrícolas e tecnologia de agricultura de precisão, o que implicava sair do negócio de armazenagem.

No ano passado, a divisão de armazenagem foi responsável por 7% do faturamento da AGCO — cerca de US$ 1 bilhão. A América do Norte representa mais de 60% das vendas da divisão e a América do Sul, 15%. No Brasil, a venda da divisão de armazenagem da AGCO envolve a GSI, marca que disputa com a AGI o segundo lugar no mercado de silos agrícolas.

“A venda deste negócio nos permite simplificar as operações, sustentando o foco de longo prazo em negócios de alto crescimento, margens elevadas e geradorores de caixa”, disse Eric Hansotia, CEO da AGCO.

De quebra, a gigante de máquinas agrícolas também levantou uma quantia que vai ajudar a pagar dívidas num momento difícil para o mercado de máquinas e particularmente para a AGCO, que está cortando custos e demitindo funcionários.

Os termos do negócio com a American Industrial Partners também sugerem que a Kepler Weber, a líder disparada do mercado brasileiro de silos, está subavaliada.

A firma de private equity vai comprar a divisão de armazenagem da AGCO pagando um múltiplo (EV/Ebitda) de 8,36 vezes. Na bolsa brasileira, as ações da Kepler negociam a um múltiplo de aproximadamente 5 vezes.

Para vender o ativo, a AGCO foi assessorada pelos bancos Morgan Stanley e Rabobank. Do lado da American Industrial Partners, o Santander foi o assessor financeiro e responsável por financiar os recursos para a aquisição.

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A venda do negócio de armazenagem foi bem recebida pelos investidores. Na bolsa de Nova York, as ações da AGCO sobem mais de 4% nesta quinta-feira. No acumulado do ano, no entanto, os papéis ainda caem 15%, um reflexo das vendas mais fracas de máquinas agrícolas.

A AGCO está avaliada em US$ 7,6 bilhões.