Máquinas

Após tombo, CNH vai suspender produção de colheitadeiras no Paraná

Dona das marcas Case e New Holland sofre com a fraca demanda; fábrica em Curitiba reduziu a produção em mais de 40% em algumas linhas

New Holland

A ressaca que derrubou a indústria de máquinas agrícolas parece longe de um fim, particularmente no Brasil. A CNH, companhia de origem italiana que fabrica tratores e colheitadeiras das marcas Case e New Holland, decidiu suspender a produção de algumas linhas da fábrica de Curitiba para lidar com a brutal queda nas vendas.

Com a demanda enfraquecida por causa das margens mais apertadas do produtor de grãos, a CNH vai interromper a produção de colheitadeiras e plataformas. A suspensão dos contratos, também conhecida como layoff, começa a valer em 2 de setembro e terá duração de dois meses.

Na área de tratores e transmissão, a medida será menos drástica. A empresa vai dar férias coletivas de 20 dias para os funcionários dessas áreas a partir de 30 de setembro, explicou a CNH em uma carta, à qual The AgriBiz teve acesso.

De longe, os mercados de colheitadeiras e plataformas são os que mais sofrem. Na fábrica de Curitiba, a produção de colheitadeiras caiu 41%, na comparação com o ano passado. No caso das plataformas, a redução é de 34%. Para os tratores, o impacto é bem menor (6% de diminuição).

Procurada pela reportagem, a CNH confirmou a decisão, que foi acordada com os trabalhadores. “Essas negociações buscam equilibrar a necessidade de ajustar momentaneamente as expectativas conforme as novas projeções de mercado”, disse a companhia, citando os “desafios” do mercado de máquinas agrícolas.

Listada na bolsa de Nova York, a companhia mostrou nesta quarta-feira o impacto da situação no balanço, confirmando que os problemas na América do Sul são mais intensos.

No segundo trimestre, a receita global da CNH caiu 16%, saindo de US$ 6,5 bilhões para US$ 5,5 bilhões. Considerando apenas as máquinas agrícolas, a receita chegou a US$ 3,8 bilhões, queda de 20%.

Para se ter uma referência, as estimativas da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) para o mercado brasileiro de máquinas agrícolas em geral apontam uma queda de 32% nas vendas de janeiro a maio.

Em meio à situação, a CNH decidiu cortar as projeções para os resultados no restante do ano. A companhia agora projeta que as vendas de máquinas agrícolas caiam de 15% a 20%. Antes, a expectativa de queda era menor (de 11% a 15%).

Nesse processo, a margem devem menor do que a expectativas iniciais. Originalmente, a dona das marcas New Holland trabalhava com uma margem Ebit de 13,5% a 14,5%, mas o intervalo agora foi reduzido para a faixa entre 13% e 14% em 2024.

Os resultados mais acanhados vão bater na geração de caixa. Dificilmente, a CNH vai terminar o ano com um fluxo de caixa superior a US$ 1 bilhão. Inicialmente, a companhia projetava uma geração de até US$ 1,7 bilhão.

Apesar do momento ainda ruim, a reação dos investidores foi positiva na bolsa de Nova York. No início da tarde, as ações da CNH subiam mais de 5%. Mesmo em meio à crise, a companhia conseguiu entregar uma receita acima do que o mercado esperava, o que influencia positivamente as ações nesta quarta-feira.

Em doze meses, no entanto, as ações da CNH caem 25%. Na bolsa, a companhia está avaliada em US$ 13 bilhões, negociando com múltiplos (EV/Ebitda) de 14,5 vezes, abaixo das 16,5 vezes de John Deere mas bem acima das 8,5 vezes da concorrente AGCO.