Perspectivas

John Deere vê lucro caindo mais de 20% com menor demanda por máquinas

Fabricante de máquinas agrícolas cortou previsão para o lucro de 2024 devido à queda na renda dos produtores; AGCO estimou lucro 15% menor na semana passada

A John Deere reduziu a perspectiva para os resultados deste ano devido à queda nos preços das commodities agrícolas, movimento que reduz a renda agricultores e seu apetite por novas máquinas agrícolas. As ações da companhia caíram 4,5% logo após a abertura da Bolsa de Nova York.

A maior fabricante de máquinas agrícolas do mundo espera um lucro líquido entre US$ 7,5 bilhões e US$ 7,75 bilhões para o ano fiscal de 2024 — abaixo da estimativa divulgada em novembro, entre US$ 7,75 bilhões e US$ 8,25 bilhões. No melhor cenário, o lucro líquido deve cair 24% em comparação com os US$ 10,2 bilhões reportados em 2023.

Para a divisão agrícola (produção e agricultura de precisão), a John Deere estima uma queda de 20% na receita em 2024, com a margem operacional ficando entre 21,5% e 22,5%, abaixo de 26% no ano passado. O segmento representa cerca de 40% das vendas consolidadas da empresa, que também tem forte presença no setor de construção.

“Daqui para frente, esperamos uma moderada reposição da frota à medida que os fundamentos agrícolas se normalizem dos níveis recordes de 2022 e 2023”, disse John May, CEO e presidente do conselho da Deere, em comunicado nesta quinta-feira.

1º trimestre

O novo guidance foi apresentado junto com o balanço do primeiro trimestre do ano fiscal. Apesar de terem superado as estimativas de analistas, os números pioraram em comparação com o mesmo período do ano anterior, já refletindo uma deterioração das condições de mercado em meio à queda dos preços agrícolas.

No trimestre encerrado em 28 de janeiro, o lucro da John Deere caiu 11%, para US$ 1,75 bilhão. A receita líquida recuou 4%, atingindo US$ 12,2 bilhões.

O resultado da divisão de agricultura de precisão foi negativamente impactado por um menor volume de embarques, parcialmente compensado por preços mais altos.

Deere não está sozinha

Na semana passada, a AGCO, rival da John Deere no mercado de máquinas agrícolas, também projetou uma queda na receita em 2024, que deve somar US$ 13,6 bilhões ante US$ 14,4 bilhões em 2023. Volumes menores deverão ser parcialmente compensados por um “modesto” aumento de preços. O lucro líquido por ação deve cair 15%.

“O lucro dos agricultores caiu modestamente nas principais regiões em 2023 e outro modesto declínio é esperado para 2024. A maior parte da frota do setor foi renovada nos últimos três anos e os estoques nas concessionárias foram reabastecidos”, afirmou Eric Hansotia, CEO e presidente do conselho da AGCO, no release de resultados da semana passada.

A empresa divulgou um crescimento de 14% na receita em 2023, para US$ 14,4 bilhões, e um aumento de 25% no lucro ajustado, para US$ 15,55 por ação. Na América do Sul, a receita cresceu 2,6% no ano, com o crescimento no Brasil compensando uma retração na Argentina. No quarto trimestre, no entanto, as vendas caíram 8% na comparação anual, refletindo uma escassez de crédito.

“Após três anos fortes, a demanda no varejo na América do Sul deve cair ainda mais em 2024 como resultado da redução nos preços agrícolas e queda no lucro dos produtores”, disse a AGCO.