O período úmido terminou na maior parte do Brasil. A preocupação é que ainda há muito milho em floração (32% da área estimada pela Conab) e enchimento de grãos (43%) —isso sem contar os 24% que ainda estão em desenvolvimento vegetativo. Nesses três estágios de desenvolvimento, a planta ainda precisa de chuva frequente.
As chuvas ainda não acabaram apenas no Maranhão, Tocantins, sudoeste do Piauí, norte de Mato Grosso do Sul e região do Parecis, no Estado de Mato Grosso.
No Paraná, um dos Estados onde o período úmido já terminou, 10% das lavouras estão com desenvolvimento ruim —condição que pode se agravar ainda mais com a diminuição das chuvas. A situação é mais preocupante no noroeste do Estado, na região de divisa com o sul de Mato Grosso do Sul, segundo informações do Deral.
No Mato Grosso do Sul, a Famasul classificou quase 20% das áreas instaladas com o desenvolvimento ruim. A maior parte dessas lavouras está no sul do Estado, justamente uma área que teve um corte mais drástico da precipitação no fim do verão.
No Mato Grosso, principal produtor de milho do País, a colheita deve ser 17,6% menor nesta temporada, parte disso por conta da diminuição da área instalada (-7,3%), além da ocorrência de pragas, de acordo com informações do boletim mais recente do Imea, divulgado no início de abril. Naquela época, a chuva ainda estava acontecendo de forma frequente. Considerando a atual situação, revisões para baixo nas próximas estimativas não seriam uma surpresa.
E para frente?
A tendência é de que a chuva enfraqueça nas poucas áreas em que ela ainda está acontecendo com frequência. Nas próximas semanas, a formação de um bloqueio atmosférico manterá a chuva forte apenas sobre a área de milho do oeste do Paraná, além dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Por outro lado, o Sudeste, o Centro-Oeste e o Matopiba receberão menos chuva que o normal. Nas áreas de milho localizadas no oeste de Minas Gerais e de Goiás, os próximos 15 dias devem ser completamente secos.
Nesta quinzena, a temperatura permanecerá mais elevada que o normal para época do ano, contribuindo para umidades relativas do ar muito baixas durante as tardes. Isso diminuirá rapidamente a umidade do solo principalmente em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
Por enquanto, a projeção para maio é de manutenção desse cenário, com chuva forte apenas em parte da região Sul e calor excessivo em grande parte do Brasil.
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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.