DUBAI — Encerrada a COP-28 em Dubai, o mundo agora avalia os compromissos firmados e os caminhos delineados durante o evento. As discussões geraram otimismo, destacando a disponibilidade de recursos para a transição energética e a urgente descarbonização global.
Os US$ 85 bilhões comprometidos com a causa — especialmente os US$ 7,8 bilhões para sistemas alimentares — e a confirmação da meta de aquecimento de 1,5ºC são marcos importantes.
Minha primeira participação na COP proporcionou aprendizados valiosos. O evento de quase 90 mil participantes se desdobrou em três principais áreas, cada uma oferecendo uma perspectiva distinta, dependendo da agenda do visitante.
A Zona Azul, reservada a negociadores e representantes oficiais, era um reduto de discussões técnicas e burocráticas. Pavilhões nacionais e temáticos abordavam questões profundas, embora muitas vezes distantes das negociações oficiais. No entanto, foi onde cerca de 200 países concordaram em abandonar os combustíveis fósseis, ratificando a urgência da transição energética.
A transição para a Zona Verde era marcada pela participação da sociedade civil, com ingressos disponíveis ao público. Nesse ambiente, inovações tecnológicas e criativas ideias dominavam, impulsionadas pela estrutura deixada pela Expo Dubai. O destaque recai sobre tecnologias na StartUp Village e cases financeiros bem-sucedidos no Climate Finance Hub, enfatizando a disponibilidade de financiamento para a agricultura regenerativa.
Os “Side Events”, muitas vezes luxuosos e específicos, dentro ou fora do campus da COP, apresentavam ações práticas que transcendem os compromissos e visões futuristas. Aqui, acompanhei o anúncio de 50 empresas de petróleo e gás comprometendo-se a zerar as emissões de metano até 2030, demonstrando um importante passo em relação a compromissos anteriores.
O principal aprendizado, especialmente para investidores agrícolas, é compreender que na COP há diversas COPs. O evento é vasto e multifacetado, demandando preparação e um plano específico de acordo com os interesses. A Zona Verde para inspiração, a Zona Azul para questões diplomáticas e macro climáticas, e os “Side Events” para oportunidades comerciais e temas específicos.
Assim como o tema climático em discussão, a COP é dinâmica e complexa, evoluindo a cada dia. Este testemunho busca compartilhar a importância de uma preparação minuciosa para as próximas edições, especialmente diante da relevância crescente do Brasil na discussão climática e na proximidade da edição do evento em Belém, na COP 30.
A COP transcende uma mera conferência. É um mosaico de oportunidades, compromissos e perspectivas que demanda um olhar abrangente para ser compreendido em sua plenitude.
Estamos tendo, como Brasil e como agro, um papel crescente nas discussões de clima e biodiversidade e precisamos, cada vez mais, aprender a usar estes eventos a nosso favor.
*Mario Lewandoswki é diretor de novos negócios da AGBI Real Assets