Estratégia

Os segredos na evolução da Marfrig: da National Beef à BRF

Com presença global, a companhia tem focado na produção de alimentos de alto valor agregado

Foco em valor agregado. Perseguido pela Marfrig nos últimos anos, o objetivo nunca esteve tão inserido no dia a dia da companhia como agora. Fundada em 2000 pelo empresário Marcos Molina, a empresa começou com um singelo frigorífico no interior de São Paulo, mas hoje se transformou em um conglomerado industrial global.

A companhia brasileira é dona da National Beef, a quarta maior produtora de carne bovina dos Estados Unidos. Referência em produtos de qualidade, com cerca de 90% com carnes de maior valor e rentabilidade, a National detém 14% de market share nos EUA e possui uma das maiores fábricas de hambúrguer do mundo, em Ohio.

Fábrica de hambúrguer da Marfrig

Na América do Sul, a Marfrig não só controla a BRF — dona de uma das marcas mais valiosas do Brasil, a Sadia — como está perto de ver os produtos de alto valor agregado darem um salto na participação do seu faturamento, resultado de seu último movimento estratégico.

No final de agosto, a operação da Marfrig na América do Sul anunciou a alienação de 16 unidades de abate de bovinos e uma de cordeiros no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile. Com isso, a Marfrig reforça seu posicionamento estratégico em operações de carnes processadas e hambúrgueres das principais redes de fast food da América do Sul

Após a conclusão da transação, que depende da aprovação de autoridades regulatórias, a participação de produtos de alto valor agregado no faturamento da Marfrig na América do Sul deve atingir 34%. Em 2018, quando o foco para processados de carne ficou mais claro, essa fatia era de apenas 5%.

Trajetória

De 2018 para cá, a capacidade de produção de alimentos processados dobrou na Marfrig. Contribuíram para esse movimento aquisições relevantes, como a da Quickfood, dona de marcas emblemáticas na Argentina, como Paty, e da fábrica de hambúrgueres de Várzea Grande, que pertencia à BRF.

A companhia também fez investimentos orgânicos relevantes mirando produtos de maior valor agregado, como a nova fábrica de Bataguassu (MS), inaugurada no ano passado.

Com esses movimentos dos últimos anos, a Marfrig se tornou a maior produtora de hambúrgueres do mundo, tendo na carteira de clientes líderes globais em food service e redes de fast food.

Mas o grande lance para mudar definitivamente o perfil da Marfrig foi a compra da participação na BRF, que começou em 33% em 2021 e ultrapassou 47% no mês passado.

Atualmente, o grupo consolidado faturou nos últimos 12 meses R$ 137 bilhões, uma das maiores companhias do Brasil.