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Da Faria Lima a Pirassununga: O que a Fazenda Estância ensina sobre agricultura regenerativa

Fazenda em Pirassununga, que pertence à família Vick, funciona como uma vitrine para os benefícios de práticas sustentáveis no programa Bayer ForwardFarming

Fazenda Estância, em Pirassununga, é parceira da Bayer em programa de agricultura regenerativa | Crédito: Divulgação
Fazenda Estância, em Pirassununga (SP), é parceira da Bayer em programa de agricultura regenerativa | Crédito: Divulgação

À frente da operação agrícola da Fazenda Estância, em Pirassununga, no interior de São Paulo, Aline Vick tem o perfil do novo produtor brasileiro. Formada em economia, saiu do interior paulista aos 17 anos para cursar a graduação na capital. Depois de algumas experiências profissionais na Faria Lima, voltou à cidade natal disposta a mudar completamente o seu estilo de vida.

O pai, José Vick, um industrial que tomou gosto pela agricultura, deu início a um processo de sucessão em vida na Fazenda Estância, que começou como um hobby e se tornou o principal negócio da família. Em 2019, Aline assumiu a operação agrícola, enquanto a irmã, Nathália, já tocava o armazém do grupo.

Desde o início, o olhar das irmãs para a agricultura regenerativa estava presente. Não à toa, a Fazenda Estância é uma das 29 propriedades no mundo a fazer parte do Bayer ForwardFarming, uma iniciativa da multinacional que visa demonstrar a agricultura regenerativa na prática e comprovar os seus benefícios.

“Nunca tive dúvidas de que a sustentabilidade seria o futuro da agricultura e de outros setores da economia”, diz a produtora. “Queremos usar o projeto para demonstrar que a agricultura regenerativa é escalável. Como estamos precisando de soluções urgentes, a agricultura regenerativa está aí, com um baixo custo de entrada. Às vezes, é mais fácil voltar ao passado do que procurar soluções mirabolantes para as mudanças climáticas.”

A Fazenda Estância é a segunda no Brasil a ser selecionada para o Bayer ForwardFarming — a primeira, em 2016, foi a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Água Fria de Goiás (GO). As fazendas participantes passam a ser referência para inspirar outros agricultores e um centro para troca de conhecimento e experiências, segundo Priscila Araújo, especialista de sustentabilidade na Bayer.

O programa é baseado em resultados mensuráveis, com indicadores que mostrarão avanços em frentes como saúde do solo, eficiência no uso da água, mitigação de impactos climáticos, restauração da biodiversidade e sequestro de carbono. “Ele atua como uma vitrine para as práticas de agricultura regenerativa”, resume a especialista da Bayer.

Primeiro, a saúde do solo

Dois anos após a chegada de Aline, a Fazenda Estância já entrou para o PRO Carbono, outra iniciativa da Bayer que apoia agricultores para potencializar a produtividade das lavouras junto com sequestro de carbono no solo.

O foco inicial não era obter uma contrapartida financeira, mas colaborar com a construção de conhecimento e ferramentas científicas que permitem comprovar o impacto das práticas regenerativas nas emissões e no sequestro de carbono — levando a diversos ganhos em resiliência nas lavouras, biodiversidade e produtividade.

“A partir daí, o foco da fazenda virou para agricultura regenerativa. Começamos a olhar mais para a saúde do solo”, afirma a produtora.

Aline Vick (à direita) toca a operação agrícola na Estância e sua irmã, Nathália (à esquerda) é responsável pelo armazém | Crédito: Divulgação

Antes do PRO Carbono, a Fazenda Estância já adotava algumas práticas de agricultura regenerativa, como o plantio direto e a rotação de culturas, mas ainda com uma finalidade comercial. Ou seja, o girassol que substituía a soja era colhido e vendido. Mas isso mudou à medida que a Fazenda Estância avançava em sua jornada de agricultura regenerativa.

Hoje, 20% dos talhões da fazenda são completamente isolados por uma safra de uma finalidade comercial “para descansarem”. O milheto ou girassol semeados nesses talhões durante o inverno não serão colhidos. “Eu vou deixar lá, porque isso é para o solo. Não é para o meu bolso”, diz Aline.

Abdicar de uma receita enquanto o mercado não paga um prêmio pela sustentabilidade não foi uma decisão fácil e unânime no início. “Mas hoje isso está super bem resolvido entre todos. Fazemos isso para melhorar o solo e ter ganhos de produtividade na próxima safra de verão, por exemplo”, diz a produtora.

Desde 2021, mais de 80% da fazenda já recebeu plantas de cobertura em substituição ao milho ou sorgo na segunda safra em algum momento. “Faltam apenas dois talhões para concluirmos 100% em apenas três anos, antecipando a nossa meta”, conta.

Regenera The AgriBiz

Outras técnicas também foram implementadas na fazenda nos últimos três anos, como o aumento no uso de insumos biológicos, diminuição no uso de herbicidas e de fertilizantes nitrogenados, e aumentar o uso de ferramentas para gestão e aperfeiçoamento do manejo com base em dados, como o Climate FieldView, a plataforma de agricultura digital da Bayer.

A Estância também tem feito estudos sobre a biodiversidade no entorno, para demonstrar a integridade das florestas, da fauna e da flora. “Restaurar a natureza é importante para a agricultura regenerativa. Há muitos estudos sendo feitos sobre quais práticas podem favorecer a microbiota boa do solo”, exemplifica.

O retorno

Em anos de clima adverso para a agricultura na região central do estado de São Paulo —com seca em 2020, excesso de chuvas em 2022 e calor extremo no ano passado —, as práticas de agricultura regenerativa têm resultado em maior resiliência nas lavouras da Estância, segundo Aline.

Entre 2020 e 2022, a fazenda Estância colheu cerca de 25% a mais do que a média de Pirassununga. Na safra passada, a necessidade de replantio foi praticamente inexistente, enquanto outras fazendas da região tiveram de replantar suas áreas de duas a três vezes. “Indiretamente, isso é ganho de receita.”

Se hoje o principal benefício da agricultura regenerativa é a resiliência diante da instabilidade climática, a economista espera um reconhecimento em forma de prêmio sobre as cotações das commodities.

“A própria certificação de boas práticas, como a soja de baixo carbono, já tem um prêmio envolvido”, lembra. “E conforme as exigências do mercado internacional continuem evoluindo no sentido de exigir uma agricultura sustentável, se não vier em forma de prêmio virá em forma de penalização.”