Saúde do solo

Produtores de Mato Grosso já podem testar nitrogênio em tempo real

Stenon, startup alemã financiada por David Friedman, mede nitrogênio no solo em segundos por meio de sensores; serviço será oferecido a clientes da Lavoro

Equipamento da Stenon sendo aplicado em análises de solo; empresa atua em parceria com Lavoro | Crédito: Divulgação

Testar o nível de nitrogênio no solo é um desafio dos agricultores na hora de definir as aplicações de fertilizantes. Com as análises hoje predominantemente feitas em laboratórios, o resultado acaba demorando para chegar de volta no campo, tornando esses testes pouco atrativos para o produtor no modelo atual.

Como uma simples chuva pode alterar a quantidade de nitrogênio no solo — e a recomendação sobre a necessidade de reposição deste nutriente —, dar agilidade ao processo e possibilitar uma análise da condição real do solo é essencial para refinar a aplicação de nitrogenados.

Uma startup alemã apoiada por David Friedberg, o fundador da Climate Corp e um dos principais investidores em agricultura regenerativa no mundo, está oferecendo um serviço que visa acabar com esse gargalo no Brasil.

Conhecida como FarmLab, a tecnologia da startup alemã Stenon utiliza sensores para medir parâmetros de saúde do solo, como a quantidade de nitrogênio e de matéria orgânica.

Além de melhorar a produtividade e otimizar custos, a tecnologia proporciona ganhos ambientais ao evitar aplicações desnecessárias de nitrogênio, responsável por cerca de 6% das emissões de gases de efeito estufa na agropecuária, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

Regenera The AgriBiz

Criada em 2018, a Stenon estreou no mercado brasileiro na safra 2023/24 por meio de uma parceria com a Lavoro, rede de revendas que também tem David Friedberg como acionista — por meio da firma de investimentos The Production Board.

O FarmLab começou com um projeto piloto no Paraná, onde foi distribuído pela Lavoro a agricultores parceiros na safra passada. A experiência serviu como um processo de aprendizado e adaptação da ferramenta às condições locais — o Paraná marcou a estreia da empresa na América Latina.

“Estamos prontos para o Mato Grosso”, disse Niels Grabbert, CEO e fundador da Stenon, ao The AgriBiz. “Nossa equipe esteve no campo para realizar testes, enfrentando temperaturas elevadas e condições desafiadoras no Paraná”, acrescentou Grabbert, sugerindo que a companhia adquiriu repertório suficiente para atender agricultores de maior porte.

Além da Europa, a ferramenta da Stenon está presente na Austrália, na Ásia Central e também dá os primeiros passos nos Estados Unidos. A Argentina deve ser o próximo destino. “Na América do Sul, decidimos começar no Brasil porque também os agricultores brasileiros e os agrônomos parecem estar muito mais abertos, muito mais abertos a receber novas tecnologias”, afirmou o CEO.

Por enquanto, os testes de solo serão uma cortesia da Lavoro aos novos clientes que integrarem a plataforma a partir desta safra no Sul de Mato Grosso e na região da BR-163. Embora não tenha informado o valor das análises, Grabbert admitiu que os custos ainda são uma barreira importante à adoção de tecnologia pelos agricultores. Segundo ele, para que os agricultores adotem algo novo, é necessário que eles vejam um retorno de pelo menos três vezes o valor investido.