Cultura

O dia em que The Economist conheceu os brutos

Publicação traz um retrato do setor que cresce acima do PIB, com suas implicações culturais, demográficas e políticas

A revista The Economist mergulhou no agro brasileiro para mostrar o retrato do setor que vem crescendo acima do PIB. E concluiu: o interior do país está mais parecido com o Texas. “É uma terra de brutos, não de playboys”, diz a reportagem publicada nesta quinta-feira.

“Pense no Brasil e, se você for como a maioria das pessoas, pensará nas praias repletas de palmeiras, samba e caipirinhas. O cliché precisa de uma atualização. Nas últimas duas décadas, o centro político e econômico começou a mudar da costa para as vastas e áridas planícies do interior.” Assim começa o texto que descreve não só o aumento da relevância do agro para o país, mas também o seu estilo de vida e o “orgulho sertanejo”.

The Economist, que foi até Sinop (MT), fala sobre as mudanças demográficas e culturais que o boom do setor tem provocado. Conta que a música mais popular no país é o sertanejo — e apresenta até o agronejo.

“Alguns cantores country se autodenominam ‘brutos’, em oposição aos ‘playboys’ da cidade”, diz a reportagem, emendando a letra de uma música cantada por DJ Kévin e Luan Pereira, dois expoentes do gênero: “Cinco playboys não conseguem fazer o que um bruto faz.”

Consequências políticas

A revista mostra ainda que a população do nordeste está trocando o Sudeste pelo Centro-Oeste em busca de oportunidades, elevando a população das cidades do interior. E suas consequências: em agosto, o Supremo Tribunal Federal determinou a primeira redistribuição de assentos na Câmara desde 1993 em resposta ao último Censo. O Centro-Oeste ganhará cadeiras, enquanto o Nordeste perderá.

Do lado político, a reportagem destaca como o poder do setor é um desafio para o governo Lula, que teve um início de mandato difícil nas relações com os produtores rurais. “Por um lado, eles (governo) comemoram o crescimento econômico que vem com a expansão da agricultura. Do outro, se preocupam com o custo ambiental e suas implicações”, diz The Economist.