A chuva espalhou pelo Brasil na semana passada e permitiu a aceleração do plantio das culturas de primavera e de verão. Destaco alguns dados do Instituto Nacional de Meteorologia: somente entre quarta e quinta-feira, o acumulado de precipitação passou dos 100mm em Barra do Corda (MA) e oscilou em torno dos 70mm em Brasnorte (MT), 60mm em Franca (SP), 65mm em Costa Rica (MS) e 55mm em Unaí (MG).
Na semana que está começando, a precipitação deve retornar novamente em direção ao Sul e diminuir principalmente no Matopiba, sudoeste de Mato Grosso e Pantanal de Mato Grosso do Sul. Enquanto em média estimam-se aproximadamente 100mm no noroeste do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e sudoeste do Paraná, simulações indicam menos de 25mm em sete dias em áreas produtoras do Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
A pouca chuva na metade norte do País pode fazer com que o plantio (e replantio) tenha mais uma paralisação. A preocupação vai além da atual safra de soja. Muitas áreas que receberiam o algodão safrinha terão apenas algodão safra. Então é possível que exista uma revisão para baixo na área plantada de soja no Centro-Oeste. Além disso, o milho safrinha de boa parte do Brasil tende a ser instalado muito tardiamente, fora da janela menos arriscada.
A irregularidade das chuvas atrapalha a manutenção da umidade do solo, mesmo após a melhora nos volumes de precipitação na semana passada. Neste momento, a situação é mais preocupante no sudoeste de Mato Grosso e no norte de Goiás, onde a umidade do solo está aquém do ideal para o desenvolvimento agrícola, como mostram dados da Embrapa.
A região Sudeste ficará no meio do caminho. O acumulado previsto entre São Paulo, sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro é razoável, variando entre 50mm e 75mm. Apenas áreas mais próximas do Nordeste, como o norte do Espírito Santo e de Minas Gerais, terão uma semana com acumulado inferior aos 15mm.
O calor está de volta
Com a diminuição da chuva, as altas temperaturas retornarão para boa parte do país. Não será um calor esturricante como em meados de novembro, mas a temperatura elevada aumentará a evapotranspiração e, consequentemente, diminuirá a umidade do solo.
Apesar deste cenário previsto para a virada de novembro para dezembro, o decorrer do próximo mês será bem diferente dos últimos. Simulações indicam chuva forte para boa parte do Matopiba e períodos mais longos sem chuva no Sul especialmente ao longo da segunda quinzena de dezembro.
É claro que o fenômeno El Niño “não permitirá” que esta situação seja duradoura. No início de janeiro, a gangorra da precipitação voltará para o centro e Sul do Brasil.