Terras

Vale do Araguaia: A fronteira logo ali

Com clima satisfatório, recursos hídricos abrangentes e projetos de infraestrutura, região passa por transformação acelerada com migração da pecuária para produção de grãos

Vista aérea do rio Araguaia, na fronteira entre os Estado de Mato Grosso e Goiás
Vista aérea do rio Araguaia, na fronteira entre os Estado de Mato Grosso e Goiás | Crédito: Schutterstock

Vou me estender um pouco no assunto do trade de terras que tratei no meu último artigo para compartilhar com os leitores minhas impressões sobre uma região específica do estado de Goiás que tive a oportunidade de sobrevoar e conhecer: o Vale do Araguaia.

Dentro da tese de longo prazo de valorização das áreas agricultáveis em geral, surge a pergunta de como identificar as oportunidades no mercado. O segredo é localizar as regiões que tenham condições potencialmente boas de solo, clima, infraestrutura, abundância de água e as questões de preservação dos biomas já equacionadas.

Eis que essa região, com um longo histórico de produção pecuária, apresenta condições de clima que não diferem substancialmente das melhores áreas do estado e ainda dispõe de muitos recursos hídricos de superfície e subterrâneos.

O Vale do Araguaia está sofrendo uma transformação acelerada, literalmente deslocando os bois para outras fronteiras. Pastos estão cedendo lugar para lavouras de soja, milho, algodão, feijão e até arroz em velocidade acelerada. As áreas propícias para instalação de irrigação são especialmente demandadas pelo aumento de produtividade possível.

Assim como ocorre em projetos de desenvolvimento urbano, o segredo para se acelerar a valorização de um investimento em fazenda é a escolha diligente das boas áreas, um bom planejamento financeiro e uma gestão de risco responsável dentro de uma visão de médio a longo prazo.  Projetos de qualidade e bem executados podem trazer retornos expressivos em curtos espaços de tempo.

Para completar, o Vale do Araguaia vai assistir nos próximos anos as inaugurações de importantes projetos de infraestrutura, como a quase acabada ponte em Luiz Alves que conectará o Mato Grosso a Goiás, servindo como importante canal de escoamento de safra, e o porto seco de Mara Rosa que dará acesso à malha ferroviária, além de novas estradas asfaltadas e a expansão da rede elétrica.

Claro que esses são apontamentos sobre uma região específica, mas este exemplo reforça a tese de que não veremos correção abrupta nos preços das terras e de que o agro brasileiro ainda tem muita oportunidade a ser explorada, sem ter que ir muito longe ou ameaçar os biomas.

Direto da mesa de risco

As manchetes climáticas têm dominado o noticiário e trazido volatilidade ao mercado, da tragédia no Rio Grande do Sul ao tempo quente e seco para o trigo na Rússia e no Kansas e o excesso de chuvas no corn belt. Enquanto isso, na Argentina, os produtores ainda seguram as vendas, apesar de um ambiente cambial mais estável.

No Brasil, as perdas nas produções de soja, arroz e trigo vão sendo contabilizadas e digeridas pelo mercado, enquanto a votação dividida no último Copom aumenta a incerteza sobre a condução da economia no médio prazo.

Com tanta incerteza, os fundos reduziram mais suas posições vendidas em Chicago e deram sustentação aos mercados. Mas seguimos de olho na evolução do plantio nos Estados Unidos, onde por enquanto o milho está em linha e a soja adiantada frente as médias históricas.